Sociedade Brasileira de Coloproctologia alerta que problema é mais prevalente em idosos e mulheres pós-menopausa. Bons hábitos alimentares ajudam na prevenção
Doença pouco falada, a incontinência fecal atinge, de acordo com estimativas mundiais, de 2% a 24% da população, sendo mais prevalente entre idosos e mulheres após a menopausa (especialmente as submetidas a parto vaginal). De prevenção fácil, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) alerta sobre os cuidados necessários para evitar a doença, que pode ter diversas causas.
A primeira dica é manter o bom funcionamento do intestino – por meio da ingestão diária de cerca de duas colheres de sopa de fibras como farelo de trigo, aveia, linhaça e chia, além de dois litros de água – e evitando-se partos vaginais traumáticos. É recomendável também que os portadores de afecções colorretais procurem o coloproctologista o mais breve possível a fim de evitar cirurgias complexas.
Entre as causas do problema estão: traumas na região anorretal em razão de parto vaginal, cirurgias proctológicas e colorretais na região baixa do intestino, traumas perineais, associados ou não a fatores como idade, esforço excessivo para evacuar em pacientes cronicamente constipados, doenças associadas incluindo diabetes, doenças neurológicas, acidente vascular cerebral e esclerose múltipla.
“A incontinência fecal consiste na perda involuntária do conteúdo intestinal (gases, muco, fezes líquidas ou sólidas), sendo decorrente de alterações nos fatores que mantêm a continência fecal, como: integridade da musculatura esfincteriana e da inervação da região, além do trânsito intestinal, consistência das fezes, distensibilidade e sensibilidade retal, sensibilidade do canal anal e integridade dos reflexos retoanais”, explica Sthela Maria Murad Regadas, membro titular da SBCP. De acordo com a médica, o mais importante é o reflexo retoesfinctérico, que permite o discernimento do conteúdo intestinal. “Há receptores localizados no canal anal com conexões nervosas interligadas que permitem distinguir se o que chegou para ser expelido são gases, fezes líquida ou sólida. Isso ocorre aproximadamente sete vezes por dia”, completa.
A incontinência fecal não possui associação com fatores congênitos, portanto a existência de casos na família não aumenta as chances de uma pessoa apresentar o problema.
Tratamentos
O tratamento vai depender da causa e da gravidade da incontinência fecal. “Avanços na anatomia e na fisiopatogenia das doenças e formas de trauma que podem causar incontinência fecal resultaram em diversas opções de tratamento, desde medidas clínicas a orientações dietéticas e estilo de vida”, explica Sthela Maria Murad Regadas.
Entre as opções disponíveis estão: reabilitação do assoalho pélvico (estímulos associados a exercícios de fortalecimento da musculatura pelve-perineal); injeção de substância de preenchimento no canal anal para tentar restaurar a anatomia; radiofrequência (estímulo do fechamento do canal anal); neuromodulação sacral (implantes de neuromoduladores que realizam estímulos nervosos constantes e permanentes na região sacral a fim de manter a musculatura pélvica em constante estímulo).
“Podem ser indicados ainda a esfincteroplastia (cirurgia para refazer a musculatura esfincteriana, restabelecendo o canal anal e o corpo perineal e mantendo a distância anatômica entre o canal anal e a vagina) e até o implante de esfíncter artificial, que visa a manter o canal anal fechado, permitindo a abertura somente no momento da expulsão das fezes”, esclarece a médica.
EFE Saúde
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