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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Precisamos de um Outubro Rosa ?

 
Dentre as várias datas e  eventos  “importados” dos Estados Unidos (como Halloween, Black Friday, dentre outros), há alguns anos tem sido muito disseminada a celebração do Outubro Rosa no Brasil
 
Uma breve pesquisa na Wikipedia nos possibilita saber que o uso do laço rosa foi lançado na década de 90, nos Estados Unidos, e instituído o mês nacional de conscientização sobre o câncer de mamas. 
 
A celebração visa, além de informar as mulheres, arrecadar recursos para as iniciativas para a detecção precoce e o tratamento do câncer de mamas. No Brasil, nos últimos anos, tem havido uma grande repercussão, com prédios iluminados, corridas e eventos. Ainda falta uma pesquisa de marketing social sobre o impacto destas ações para o controle desta doença.
 
De acordo com os dados mais recentes do INCA, a estimativa é que haja uma prevalência (em 2014) de 56 casos de câncer de mama para cada 100.000 mulheres, sendo de longe o mais comum (três vezes mais que o segundo colocado, o câncer colorretal). O câncer de mama é a maior causa de morte por câncer nas mulheres em todo o mundo, com cerca de 520 mil mortes estimadas para o ano de 2012. É a  segunda causa de morte por câncer nos países desenvolvidos, atrás somente do câncer de pulmão,  e  a  maior  causa  de  morte  por  câncer  nos  países  em desenvolvimento.
 
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada em 2015 mostrou que cerca de 40% das mulheres elegíveis (50 a 69 anos) não realizou a mamografia nos últimos 2 anos.  Este número variou de 61,3% na Região Norte a 32,1% na Região Sudeste. A importância do componente socioeconômico é confirmado pelo fato de que metade das mulheres sem instrução (ou com fundamental incompleto) não fez mamografia nos últimos 2 anos e apenas 20% das mulheres com ensino superior completo estão neste grupo.  O parâmetro proposto pela Organização Mundial da Saúde é de 80% de cobertura de mamografia neste grupo (50-69 anos).
 
Assim, confirma-se que um percentual significativo das mulheres não realiza o rastreamento-padrão para câncer de mamas. Surge a dúvida se esta baixa cobertura ocorre pela baixa sensibilização das mulheres sobre a importância da realização da mamografia, ou por dificuldade de acesso aos recursos diagnósticos. Além disso, sabemos que não basta somente o rastreamento. Estas mulheres precisam ser incluídas em uma linha de cuidados, baseada em evidências que propicie o tratamento precoce, realizado de maneira adequada pelo sistema de saúde (público ou privado). Esta premissa é confirmada por publicação recente da revista Lancet que demonstra a menor sobrevida das mulheres portadoras de câncer de mamas na America Latina em comparação com a Europa, Japão e Estados Unidos.
 
Deste modo, sempre é bom lembrar que as campanhas de sensibilização são importantes para a mobilização da população, mas ela deve vir acompanhada de uma correta preparação do sistema de saúde para o tratamento adequado destas pacientes. Além disso, a prevenção primária do câncer de mamas ocorre com a mudança do estilo de vida, com redução da obesidade, alimentação pobre em frutas e vegetais, uso excessivo do álcool e sedentarismo.
 
Saúde Business

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