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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Remédio hora certa : Atrasar o horário do medicamento pode reduzir sua eficácia

Atrasar o horário do medicamento pode reduzir a sua eficácia e até mesmo provocar efeitos colaterais. A cronofarmacologia ensina como potencializar o efeito terapêutico das mais diferentes drogas

Por André Bernardo

Até pouco tempo atrás, ao prescrever um determinado remédio, o médico limitava-se a dizer: "É para tomar duas vezes ao dia". Em casa, o paciente escolhia os melhores horários, segundo a sua conveniência, para seguir a orientação. Hoje, essa situação está começando a mudar. Graças à cronofarmacologia, os pacientes precisam obedecer rigorosamente os horários estipulados pelos médicos, se quiserem maximizar os efeitos terapêuticos e minimizar os riscos colaterais dos remédios prescritos.

"O objetivo da cronofarmacologia é melhorar a eficácia e a segurança dos remédios, por ajustar sua concentração, durante as 24 horas do dia, em sincronia com os ritmos biológicos dos seres vivos", explica Jaldo de Souza Santos, presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF). "Nos seres vivos, os ritmos biológicos são resultado direto dos fenômenos ambientais periódicos e recorrentes, como as estações do ano, as fases da lua, as oscilações das marés e, principalmente, o ciclo dia/noite", acrescenta Amouni Mohmoud Mourad, do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP). "Esses ritmos influenciam todas as funções do nosso organismo, sejam elas fisiológicas, bioquímicas ou psíquicas", completa Mourad.

Segundo os especialistas, existem dois tipos de ritmo biológico: o circadiano e o não circadiano, que compreende, por sua vez, o ultradiano e o infradiano. Mourad explica que a palavra vem do latim circa diem, que significa "cerca de um dia". "O ritmo circadiano dura 24 horas e cada processo, como atividade digestiva, controle hormonal e regulação térmica, se repete diariamente, quase sempre nos mesmos horários", afirma. Já o ritmo ultradiano, completa Tânia Maria Lemos Mouço, do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ), é quando essas repetições ocorrem em períodos menores de 20 horas, como a secreção da insulina, por exemplo, e o infradiano, em períodos maiores de 28 horas, como o ciclo menstrual e a produção de plaquetas.

No tique-taque do relógio
A palavra cronofarmacologia é resultado da junção de outras três: crono (tempo), fármaco (remédio) e logia (ciência ou estudo). "A cronofarmacologia é a ciência que estuda a hora certa para administrar os remédios", esclarece a farmacêutica Tânia Maria.

Ou seja, cada remédio precisa ser tomado em um horário predeterminado para alcançar os melhores resultados farmacológicos. Não há um horário exato do dia ou da noite, pondera Regina Pekelmann Markus, que seja considerado o mais eficaz para tomar todos os remédios existentes. Professora do Laboratório de Cronofarmacologia do departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade do São Paulo (USP), Regina salienta que cada caso é um caso e que não é possível generalizar. "Cada remédio tem a hora certa de ser tomado, quando há maior eficácia e menor efeito colateral. E é preciso respeitar os horários determinados pelos médicos. Há medicamentos que podem ser prejudiciais à saúde quando tomados fora da hora", alerta.

No exterior, em países como EUA e Japão, médicos já recorrem à cronofarmacologia para tratar seus pacientes. Só nos EUA, existem cerca de 100 remédios com orientações cronofarmacológicas na bula. Por aqui, o Laboratório de Cronofarmacologia da USP é um dos primeiros a estudar o tema. Eles já tentam identificar os períodos do dia onde há maior multiplicação de células tumorais, na esperança de aumentar a eficácia de medicamentos quimioterápicos. "No Brasil, a esta ainda é uma área pouco estudada. Por isso, nem todos os remédios têm a sua posologia (dose e hora de administração) ditada por essa ciência", avalia Jaldo, do CFF.

Para cada doença, um horário
Veja os períodos de maior incidência de certas patologias para estipular a posologia de medicamentos e garantir sua maior eficácia

Asma Sintomas: Falta de ar, chiado no peito, tosse, dificuldade para respirar.
Maior incidência: Entre 0 h e 6 h, com pico às 4 h.
Quando tomar o remédio? A queda na produção de cortisol provoca uma contração nos brônquios pulmonares, que atinge o seu pico às 4 h. Para o remédio fazer efeito às 4 h, os médicos recomendam que ele seja administrado pelo menos 8 horas antes, ou seja, às 20 h.



Diabetes Sintomas: Sede, perda de peso e falta de apetite.
Maior incidência: Entre 3 h e 6 h.
Quando tomar o remédio? As crises costumam piorar de madrugada.

O ideal é que o remédio seja prescrito à noite. Mas é preciso estar sempre bem alimentado, caso contrário, o indivíduo poderá sofrer uma crise de hipoglicemia.



Artrite Sintomas: Dor forte e perda de mobilidade.
Maior incidência: Às 6 h.
Quando tomar o remédio? Para ter um efeito melhor no organismo, o ideal é que o remédio seja administrado sempre à noite.




Cardiovasculares Sintomas: Dor no peito e dificuldade para respirar.
Maior incidência: Entre 6 h e 12 h, com pico às 9 h.
Quando tomar o remédio? A partir das 6 h, o corpo ganha uma sobrecarga de cortisol, que provoca elevação na frequência cardíaca. O remédio deve ter ação prolongada e ser tomado antes de dormir.


Foto: Reprodução

Revista Viva Saúde

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