O número de casos de dengue na capital cresceu 405% de acordo com o último balanço divulgado pela Prefeitura. Em 4 de março, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou 149 casos contraídos na cidade. Agora são 757, sendo 410 só em março.
O aumento ocorre porque, segundo especialistas, há um retardo médio de 60 dias entre o pico da população de mosquitos Aedes aegypti – transmissor da doença – e o número de casos de pessoas com a doença.
“Historicamente, os meses de março e abril são os que apresentam maior número de casos da doença. A população de mosquitos começa a crescer em novembro, quando a chuva intensifica. Em janeiro, ela atinge o auge e o pico na transmissão ocorre cerca de dois meses depois”, explica o epidemiologista da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Nascimento Burattini.
Isso acontece porque o desenvolvimento do mosquito passa por uma série de fases. A transformação de larva para mosquito pode levar entre 3 e 4 semanas, dependendo das condições ambientais e climáticas. “Depois, ele tem que voar, encontrar uma pessoa infectada com a dengue.
O vírus da dengue precisa de um tempo de encubação no mosquito de 10 a 12 dias, para então ser transmitido. Por isso, esse tempo todo para aparecerem os casos de pessoas com as doenças”, diz Burattini.
Os bairros do Itaim-Bibi e Campo Limpo, ambos na zona sul, lideram o ranking da doença em São Paulo. Cada um registrou 69 casos entre janeiro e março. Tucuruvi, na zona norte, recebeu 37 notificações. De acordo com a Secretaria de Saúde, uma das possíveis causas do aumento de notificações no Itaim-Bibi é a recusa dos moradores em receber agentes de saúde em suas casas. A negativa ocorre em 50% dos domicílios.
Já no Campo Limpo, “o tipo de construção das moradias, com laje de superfície irregular e caixas d’água externas, pode facilitar a proliferação dos mosquitos, caso os moradores não tomem os devidos cuidados”, diz a nota. O bairro registrou no primeiro trimestre do ano passado 333, entre os 2.072 apontados na cidade.
Neste ano, o Morumbi registrou cinco pessoas contagiadas. Uma delas, a agente de viagens Érika Ohata, de 50 anos. Ela descobriu que estava com a doença no início do mês. “Nunca fico doente, mas por três ou quatro dias seguidos senti uma dor de cabeça horrível, vômito e dores no corpo. Fui ao médico e descobri que era dengue. Agora estou me recuperando”, disse Érika, que não tem nenhum conhecido com a doença.
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