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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Termômetro do noticiário médico


Acaba de completar cinco anos uma iniciativa interessante de monitoramento do noticiário sobre medicina e saúde nos Estados Unidos – o HealthNewsReview.org. Nesse período, foram avaliadas quase 1.500 notícias sobre o tema publicadas on-line em dezenas de fontes, entre jornais, revistas, redes de TV e agências noticiosas.

A HealthNewsReview.org se interessa por um tipo bem específico de notícias – aquelas que discutem a eficácia ou a segurança de tratamentos médicos. As notícias selecionadas são analisadas por três avaliadores independentes (jornalistas, médicos e profissionais da saúde), que dão notas de 1 a 5 para as notícias em função de dez critérios, como custo, benefícios e efeitos colaterais dos tratamentos noticiados.

Os resultados de cinco anos de monitoramento, divulgados no fim de abril, não são muito abonadores para os jornalistas. É verdade que o dever de casa foi feito em alguns quesitos – mais de 70% das notícias souberam relatar bem a novidade ou a disponibilidade dos tratamentos noticiados. Mas o desempenho foi fraco em critérios mais centrais para a prática de um jornalismo responsável. Pouco mais da metade das notícias cobriu satisfatoriamente a existência de conflitos de interesses, e apenas um terço ou menos tratou adequadamente dos efeitos colaterais ou dos benefícios dos tratamentos.

“Acredito que todos os critérios são importantes, mas alguns são claramente mais importantes que outros, e esses são, infelizmente, os que têm o pior desempenho”, disse Gary Schwitzer, editor do HealthNewsReview.org, ao site The Observatory.

Mais que um exercício estéril de crítica de mídia, a iniciativa espera contribuir para a melhoria da cobertura de saúde nos Estados Unidos. O site está publicando, por exemplo, recursos para ajudar os jornalistas que trabalham nessa área. O HealthNewsReview.org é financiado por uma organização não governamental – a Fundação para a Tomada de Decisões Médicas Informadas.

Iniciativas como essa são especialmente importantes num campo como a cobertura de medicina e saúde, que lida muito proximamente com anseios e expectativas dos leitores.

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Vem do Reino Unido outra iniciativa curiosa com o objetivo de melhorar a qualidade do jornalismo, não só de medicina ou ciência. É o site Churnalism.com, batizado com o neologismo que designa um jornalismo preguiçoso, feito com retalhos colados de comunicados de imprensa e outras fontes (em inglês, to churn out significa produzir em grande quantidade em detrimento da qualidade).

O site permite que o internauta compare um determinado comunicado de imprensa com um vasto banco de dados composto por reportagens publicadas na imprensa britânica desde 2007. Em segundos, o site aponta possíveis reportagens ‘inspiradas’ pelo press-release em questão.

O objetivo, de acordo com os criadores da iniciativa, é ajudar o público a identificar o churnalism e estimular o jornalismo original.

O blog experimentou fazer um teste com um comunicado enviado à imprensa pela revista Nature no início de abril, relatando os resultados de um estudo com células-tronco. A ferramenta funcionou e delatou um artigo do Daily Telegraph que reproduz frases inteiras do comunicado da Nature.

Não seria de todo mau que dispuséssemos de ferramentas similares para monitorar o jornalismo brasileiro.

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