Com plantio ainda escasso no Brasil, a laranja vermelha — falsa sanguínea — é uma quase desconhecida na mesa e nos supermercados brasileiros
A polpa dela é vermelha da cor do sangue e o seu poder de varrer para longe as impurezas do organismo humano tem sido tema de pesquisas e teses no mundo inteiro. Com plantio ainda escasso no Brasil, a laranja vermelha — falsa sanguínea ou sanguínea de mombuca — é uma quase desconhecida na mesa e nos supermercados da maioria das cidades brasileiras. Originária da Índia e de países do Mediterrâneo, a laranja vermelha é uma rica fonte de substâncias que combatem a ação dos radicais livres e evita riscos de doenças cardiovasculares (DCV).
Uma pesquisa recém divulgada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) eleva essa variedade da laranja ao posto de faxineira-mor das impurezas que circulam na corrente sanguínea do corpo humano. Ela teria maior poder de limpeza do que outras espécies, como a pera, a baía ou a valência. Numa análise bioquímica que durou oito semanas, com 35 voluntários, a professora de nutrição da Unesp Cláudia Lima, sob a orientação da bióloga Thaís Borges César, concluiu que o suco dessa linhagem de laranja reduziu em 9% a taxa de colesterol total e em 11% a taxa de colesterol ruim.
Os voluntários passaram dois meses com a missão de beber 750ml de suco da fruta — três copos de 250ml — por dia.
— Observamos que houve a diminuição de 5% no índice de proteínas relacionadas a riscos cardíacos, enquanto a proteína C reativa, um indicador de existência de inflamação aguda no organismo, baixou 49% — explica a nutricionista.
Para Thaís Borges, as outras laranjas também baixam o colesterol e são ricas em carboidratos, ácido fólico, potássio, vitamina C, mas a laranja de polpa vermelha do tipo falsa sanguínea tem algo mais. O grande diferencial dessa para outras variedades da fruta é que ela possui maior quantidade de licopeno e de outros flavonoides, além de atuar diretamente nos marcadores que alertam para a presença de radicais livres no corpo, como a proteína C reativa. Quando o nível dessa substância está alto, significa risco de estresse oxidativo (desequilíbrio entre a formação e remoção de agentes oxidantes no organismo) e de doenças cardiovasculares.
De acordo com o engenheiro-agrônomo Rodrigo Latado, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) — que estuda espécies de laranja de polpa vermelha há mais de 20 anos e é pioneiro em plantios experimentais da falsa sanguínea no Brasil —, o licopeno e os carotenos que a laranja contém apresentam de fato funções nutricionais e medicinais.
— Os principais carotenoides presentes na laranja, o licopeno e os carotenos, apresentam funções nutricionais e medicinais, com ação preventiva contra câncer e doenças cardiovasculares — explica o agrônomo, que participou da pesquisa de Cláudia Lima.
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