O excesso de colesterol não é uma exclusividade dos adultos. Uma pesquisa sobre a incidência da substância na população infantil foi realizada pela DASA, prestadora de serviços de medicina diagnóstica. O trabalho levantou os exames de sangue de 1.872 crianças realizados no Paraná de janeiro a dezembro de 2009. As crianças foram divididas em dois grupos: amostra 1 - crianças abaixo dos nove anos; amostra 2 - dos dez aos quinze anos. O resultado é que 43% delas apresentavam níveis elevados de colesterol.
Segundo recomendações da Sociedade de Pediatria, o colesterol total é considerado normal na criança quando abaixo de 170 mg/dL e torna-se mais preocupante quando ultrapassa 200mg/dL.
"Este resultado confirma a tendência mundial de elevação dos níveis de colesterol nas crianças, provável fruto do aumento contínuo dos níveis de obesidade, piora dos hábitos de vida com consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e gorduras trans, bem como o aumento do sedentarismo observado em todas as faixas etárias", revela Mauro Scharf, endocrinologista da DASA.
O especialista explica que até os dois anos, é normal que os níveis de colesterol sejam elevados. "Trata-se de uma substância fundamental para a produção de hormônios e desenvolvimento dos neurônios no sistema nervoso central para formar uma espécie de capa que recobre cada um dos neurônios, a mielina, sem a qual os impulsos nervosos não seriam transmitidos de uma célula a outra", afirma.
Mas já se sabe que um quarto das crianças de até dois anos com colesterol alto apresentará problemas de saúde na idade adulta. O Programa Nacional de Educação sobre Colesterol da Academia Americana de Pediatria preconiza que crianças com parentes de primeiro grau que tiveram doença coronariana antes dos 55 anos de idade devem começar a prevenção e o controle desse mal a partir dos dois anos.
O que é o colesterol alto
Segundo o endocrinologista Mauro Scharf, o colesterol é a gordura da alimentação absorvida no intestino que entra na corrente sanguínea, sendo transportada por proteínas até formar o complexo lipoproteína (lipo = gordura). As principais lipoproteínas são: HDL (conhecido como o bom colesterol), o LDL (denominado como o mau colesterol) e o VLDL. "O colesterol é necessário para algumas funções do organismo, como a produção de alguns hormônios e ácidos biliares. Mas, em excesso, pode causar problemas", comenta o especialista.
Quando o colesterol atinge níveis altos, oriundos de distúrbio genético somado à alimentação incorreta, as artérias são obstruídas por blocos de gorduras, que interrompem a irrigação normal do sangue, levando às lesões e até à morte da região atingida. "Como exemplos podemos citar a obstrução das artérias do coração, que pode causar um infarto e impedir o órgão de bombear o sangue para todo o corpo, e a obstrução de artérias que irrigam o cérebro, o que pode acarretar um acidente vascular cerebral, conhecido pela sigla AVC", acrescenta Scharf.
Como é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas, o diagnóstico é feito por meio de análises do sangue do paciente. Por isso, é muito importante a realização de exames periódicos. "Eventualmente, o excesso de triglicérides (outra fração de gordura do sangue) pode levar ao surgimento de manchas ou erupções amareladas na pele", acrescenta o médico.
O ideal é que o paciente procure um médico e se submeta às medidas necessárias. "O tratamento deve ter medicamentos à base de estatinas (classe de drogas que engloba várias substâncias com mesmo mecanismo de ação, porém, de potências diferentes) e alimentação adequada - balanceada nutricionalmente e sem excesso de gorduras e, principalmente, com baixo teor de colesterol. Além disso, o paciente deve praticar exercícios físicos regulares", conclui Scharf.
Fonte www.bonde.com.br
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