Médicos de todo o país contam agora com o auxílio de um conjunto de regras para ajudar no cuidado com as vítimas de queimaduras. O documento, elaborado pela Câmara Técnica de Queimaduras do Conselho Federal de Medicina (CFM), quer servir como parâmetro e ajudar no atendimento, principalmente, nas redes públicas. O Protocolo de Tratamento de Emergência das Queimaduras tem o objetivo de reduzir os riscos e as sequelas decorrentes desse tipo de ferimento a partir de um atendimento adequado prestado ao paciente. O documento já foi encaminhado ao Ministério da Saúde para que seja incorporado às diretrizes de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1996 e 2008, 13.735 pessoas morreram por causa de queimaduras. Os estados que registraram mais vítimas foram São Paulo, Minas Gerais, o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. Cada paciente custa, por dia, de R$ 1.200 a R$ 1.500. Os dados mostram ainda que a maioria dos acidentes ocorre na cozinha, com crianças até 12 anos (33%), e que o principal agente das queimaduras são os líquidos super aquecidos, que aparecem em 37% dos casos.
De acordo com o CFM, o documento apresenta todos os passos no cuidado com a vítima de queimaduras, principalmente no atendimento de urgência e emergência. Com o protocolo, médicos de áreas distantes e que não contam com especialistas poderão atender ao paciente de maneira eficaz. “Em postos de saúde do interior, não há possibilidade de haver um tratamento específico para queimados e o manual permite que qualquer acidentado receba um primeiro atendimento de qualidade para que possa ser removido posteriormente, caso seja necessário, com condições de se recuperar depois.”
O coordenador da câmara técnica do CFM, Antônio Gonçalves Pinheiro, disse que o objetivo do grupo foi estabelecer regras possíveis de serem executadas em qualquer lugar, em acordo com o previsto pelo Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado (CNNAQ), da Sociedade Brasileira de Queimaduras, com a uniformização do atendimento nas emergências.
Pinheiro explicou que a câmara conhece as dificuldades do atendimento aos queimados e sabe que são poucos os centros de tratamento voltados para essa área. “Por ser muito grande, o país tem muitas crianças que ficam em casa para os pais trabalharem, casas de madeira, palha e com ligações elétricas indevidas, fatores que propiciam acidentes com queimaduras tanto em crianças e idosos quanto em adultos.”
O médico disse ainda que os riscos de um atendimento precário são grandes porque, além da queimadura na pele, seja com produtos químicos ou fogo, a vítima também pode ter inalado gás ou produtos químicos e corre o risco de uma intoxicação respiratória.
“Há situações em que o local precisa ser lavado para evitar que a queimadura se aprofunde. Outros precisam de atenção especial nas vias aéreas, outros precisam ter atenção com o tórax. Se a pessoa não for atendida logo e adequadamente, pode ter lesões internas sérias. Então, o primeiro atendimento deve ser feito para garantir as funções vitais. De acordo com a profundidade, deve-se iniciar um procedimento diferente.”
Fonte Agência Brasil
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