Prestes a vencer o prazo para transferir seus quase 20 mil clientes para outra operadora, a Unimed Brasília,em grave crise financeira, conseguiu na Justiça mais tempo para tentar sair do vermelho. A empresa não quis se pronunciar ontem sobre a decisão e ficou de divulgar hoje uma nota oficial. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) havia determinado a alienação da carteira da Unimed até a próxima segunda-feira. A ordem foi suspensa temporariamente.
Após minucioso processo administrativo, a agência reguladora decidiu interferir na empresa “considerando as anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade do atendimento à saúde”. A determinação para que os clientes fossem remanejados consta na Resolução Operacional nº 1.095, publicada no Diário Oficial da União de 20 de outubro. Em janeiro deste ano, segundo a ANS, a empresa acumulava dívida de R$ 94 milhões.
Naquela mesma data, o órgão ligado ao Ministério da Saúde iniciou novo acompanhamento fiscal da empresa. Ao analisar as contas da Unimed, a ANS verificou incapacidade de mudança de cenário. Não é a primeira vez que a operadora com 33 anos no mercado brasiliense enfrenta uma crise. Há quatro anos, a empresa passou por situação ainda mais grave ao ter a liquidação decretada.
Ajuda
Dessa vez, para se manter de pé, a Unimed conta com a ajuda de gestores da Fundação Dom Cabral, eleita a quinta melhor escola de negócios do mundo. Mesmo assim, não conseguiu evitar a aflição de usuários, que ameaçaram debandada. Contratos que poderiam melhorar a saúde financeira da empresa também acabaram adiados após a ordem de transferência da carteira.
Na época, a direção da Unimed alegou ser vítima de “decisão arbitrária”. A presidente da empresa em Brasília, Sylvia Carvalho de Oliveira, em momento algum negou os problemas econômicos da empresa. Mas responsabilizou gestões anteriores pela situação. A meta da operadora, disse ela, era colocar as contas em dia até janeiro de 2012.
O diretor adjunto de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Leandro Fonseca, chegou a rebater as insinuações da Unimed e deixou claro que “motivos bastante fortes” levaram à publicação da Resolução Operacional nº 1.095. “Fazemos o nosso trabalho com base em dados. Nosso maior interesse é preservar a assistência do beneficiário”, comentou Fonseca, em entrevista ao Correio.
Funcionários da Unimed Brasília reclamam de salários atrasados, não recebimento do vale-alimentação e problemas no recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Por meio da assessoria, a empresa informou que as queixas relatadas pela reportagem seriam discutidas durante assinatura da convenção coletiva de trabalho, marcada para a próxima segunda-feira.
Estrutura
A Unimed Brasília conta com cerca de 300 médicos cooperados, que atendem nas mais diversas especialidades em consultórios próprios e em salas do Hospital Planalto, na 914 Sul. A crise em questão envolve somente a Unimed Brasília. Há outras três empresas ligadas à marca na capital federal: a Unimed Centro-Oeste Tocantins, a Unimed Seguros e a Unimed Central Nacional.
Fique atento
A Unimed continua obrigada a manter o atendimento. Caso haja alguma recusa no atendimento em clínicas ou hospitais, o usuário deve denunciar à ANS pelo telefone 0800 701 9656.
Fonte Correio Braziliense
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