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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Na Bahia, ambientalista tenta acabar com feira de animais

Bodes e aves estão no centro de uma disputa entre defensores dos direitos dos animais e fornecedores de bichos para cultos afro-brasileiros em Salvador.

A ambientalista Telma Lobão tenta obter na Justiça a proibição da venda de seres vivos na feira de São Joaquim, um mercado de 34 mil metros quadrados que é o mais tradicional ponto de comércio de animais para o candomblé na capital baiana.

O uso de animais como oferendas aos orixás (divindades do candomblé) está incorporado à vida cultural local desde o Brasil colônia, quando Salvador era a capital do país e o principal porto de chegada dos escravos.

A polêmica na feira de São Joaquim ferve desde agosto, quando a ambientalista mobilizou a polícia para vistoriar o local.

Lobão alega que o comércio de bodes, galinhas e pombos fere a Lei de Crimes Ambientais e uma lei municipal que proíbe a venda de animais vivos onde existam restaurantes.

"Havia animais silvestres que foram apreendidos. Os domésticos [usados no candomblé] são mantidos sem água, sem comida, amontoados. Não somos contra o candomblé, mas condenamos completamente essa crueldade na feira", diz ela.

Telma defende que o próprio sacrifício seja banido. "Dizem que são manifestações culturais, mas isso é tão cultural quanto soltar balão."

O presidente do Sindicato dos Feirantes de Salvador, Marcílio Dias, admite que as condições de alojamento dos animais precisam mudar, porque a feira de São Joaquim é de 1964, anterior às atuais exigências sanitárias.

"O setor dos animais será o primeiro da revitalização da feira [prevista para 2012]. Mas há exagero dessa ambientalista, que queria apreender até galinhas e pombos, que não são animais silvestres."

O babalorixá (sacerdote) Balbino Daniel, do terreiro Ilê Axé Opô Aganju, fundado há 44 anos, diz que a pressão dos ambientalistas esconde preconceito. "Os bodes, os galos, os carneiros e os pombos são sagrados com folhas, enfeites, axé [energia de cada orixá]. O sacrifício, todo mundo come", diz.

O antropólogo Vilson Caetano de Sousa Júnior, estudioso da alimentação nas religiões afro-brasileiras, explica que, no sacrifício, somente as vísceras e extremidades são oferecidas à divindade, enquanto a carne é consumida pelos adeptos.

"Os animais morrem com mais dignidade nos terreiros do que aqueles que estão no açougue. No candomblé, eles têm de estar em perfeito estado para serem oferecidos."

Um estudo da Universidade Federal da Bahia mapeou 1.408 terreiros na cidade, em 2007.

Fonte Folhaonline

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