Correio da Manhã – Os médicos de família que vierem a ser contratados pelo Ministério da Saúde devem atender quatro doentes por hora. É razoável?
Rui Nogueira – Essa medida é uma falta de respeito para com o doente e o médico. É intolerável e inaceitável que o ministério queira impor essa medida. Aliás, espero que acabe por retirar mesmo a contratação de serviços médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) através de empresas.
– E o que é que acontece se a tutela não anular a contratação?
– Se esses procedimentos não forem anulados, os médicos dos centros de saúde juntam-se à greve nacional marcada para os dias 11 e 12 de Julho, tal como já foi anunciado. Não gostamos de fazer greve, mas tem de ser. A tutela não dá outra alternativa. Lamentamos os distúrbios no funcionamento do SNS, mas a nossa preocupação é com os portugueses e o futuro do SNS.
– Os doentes é que ficam prejudicados...
– Os doentes já estão a ser prejudicados com a lentidão com que está a ser efectuada a abertura de novas unidades de saúde familiares e com o fecho de muitos serviços de saúde espalhados por todo o País.
– São sinais da crise económica que o País atravessa?
– São sinais da delapidação do bem social que temos nos serviços públicos.
– Quer dar exemplo de outras situações que considera que estejam a afectar os cuidados de saúde primários?
– Os ataques à autonomia organizativa e técnica dos médicos de família são preocupantes. Além disso, é preciso referir que os médicos que não detenham a especialidade de Medicina Geral e Familiar não estão devidamente qualificados para trabalhar na primeira linha do SNS.
Fonte Correio da Manhã
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