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domingo, 10 de junho de 2012

Pesquisa comprova benefício da bengala para artrose de joelho

Acessório ajuda a reduzir dor e consumo de anti-inflamatórios; nenhum estudo havia investigado se prática é realmente benéfica

Pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que o uso de bengala por pacientes com artrose de joelho ajuda a reduzir a dor e o consumo de anti-inflamatórios, além de melhorar a capacidade de locomoção.

A recomendação faz parte das diretrizes das principais sociedades médicas do mundo mas, embora existam relatos sobre o uso de bengala desde a antiguidade, nenhum estudo havia investigado, até então, se a prática é realmente benéfica.

“Qualquer intervenção médica, seja para diagnóstico ou tratamento, deve ser baseada em evidências científicas. Por isso, delineamos esse estudo seguindo o mais alto padrão de qualidade científica. Foi feito um ensaio controlado, randomizado e com avaliador cego”, contou o médico Jamil Natour, coordenador da pesquisa que teve apoio da FAPESP.

Os resultados do estudo realizado com 64 pacientes foram publicados na revista Annals of the Rheumatic Diseases, uma das mais importantes da área de reumatologia, com destaque no editorial.

A artrose é uma doença causada pela degeneração das cartilagens que revestem as articulações. A dor e o impacto funcional variam de acordo com a região afetada e o grau de comprometimento da cartilagem.

“Quando atinge o joelho, a artrose pode ser muito incapacitante. O paciente sente muita dor e perde autonomia. Tem grande impacto na qualidade de vida”, disse Natour.

Os casos mais leves são tratados com medicamentos analgésicos e exercícios para fortalecer a musculatura do membro. Os mais graves podem exigir cirurgia para colocação de prótese.

A bengala é indicada para diminuir a sobrecarga na articulação. “Parte do esforço vai para o membro superior. E o correto é usá-la sempre do lado oposto ao do joelho afetado”, disse Natour.

Os médicos, no entanto, preocupavam-se com o aumento no gasto de energia ao caminhar quando se usa a bengala. “No caso de idosos com problemas cardíacos ou respiratórios, por exemplo, isso deve ser considerado”, afirmou.

Mas a pesquisa mostrou que, após um período de adaptação, o gasto de energia ao andar com e sem a bengala se equipara. “O paciente precisa usar o acessório pelo menos durante um mês para perceber os benefícios”, disse Natour.

Teste de caminhada
Na pesquisa os voluntários foram divididos em dois grupos e passaram por avaliações para medir o nível de dor e a capacidade funcional. Para verificar o gasto energético, foi feito um teste de caminhada de 6 minutos com e sem auxílio de bengala. Durante o trajeto determinado, os pacientes usavam uma máscara que analisa a troca dos gases respiratórios.

Metade do pacientes recebeu uma bengala de madeira para levar para casa e foi orientada a usá-la por dois meses. A outra metade, o grupo controle, manteve o mesmo tratamento, mas não recebeu a bengala. Todos foram reavaliados após 30 e 60 dias.

Ao final, o nível de dor havia diminuído de 20% a 30% no grupo que recebeu a bengala e o consumo de medicamento para dor havia sido menor quando comparado ao do grupo controle. Também houve uma melhora de 20% na capacidade funcional no grupo que recebeu a intervenção.

“No teste feito após 30 dias, o gasto energético ao andar com a bengala tinha se equiparado ao gasto sem o acessório no grupo que sofreu a intervenção. Já no grupo controle, os pacientes ainda gastavam mais energia ao caminhar com a bengala”, disse Natour.

Os resultados podem servir de base para a inclusão da bengala no rol de tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou o pesquisador.

Podem ainda ajudar os médicos a convencer os pacientes a adotar o acessório. “Muitos resistem a usar bengala, pois sua imagem está associada à velhice e à incapacidade. Agora, podemos mostrar os benefícios de forma objetiva”, disse.

O artigo Impact of cane use on pain, function, general health and energy expenditure during gait in patients with knee osteoarthritis: a randomised controlled trial (doi:10.1136/ard.2010.140178) pode ser lido em http://ard.bmj.com/content/71/2/172.full?sid=b8efe0d0-0b72-42b7-bcf4-

Fonte Estadão

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