A incidência do tumor de intestino vem crescendo-- já é o quarto mais
frequente no Brasil--, assim como a recomendação médica para que se faça a
temida colonoscopia, exame que detecta precocemente possíveis lesões.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress |
Dois estudos recentes feitos nos EUA e publicados no "New England Journal of
Medicine" avaliaram a eficácia da colonoscopia e de um exame de fezes que busca
detectar sangue no material.
A colonoscopia, mais cara e com mais riscos de efeitos colaterais, reduziu em
56% o risco de morte pelo tumor em uma população de 89 mil pessoas seguidas por
20 anos.
Já o exame de sangue oculto nas fezes, mais barato e simples, diminuiu o
risco de morte em 32% em um grupo de 46,5 mil pacientes acompanhados por 12
anos.
"Se o objetivo é de rastrear o câncer colorretal, o exame de fezes é
perfeito. É de baixo custo, fácil de fazer. Mas tem baixa sensibilidade para
diagnosticar lesões precocemente. Os pólipos geralmente não sangram até se
tornarem lesões avançadas", explica Benedito Rossi, especialista em câncer
colorretal do Hospital Sírio-Libanês.
"A vantagem da colonoscopia é poder fazer tanto a remoção de pólipos com
potencial de câncer quanto o diagnóstico precoce do tumor."
Segundo Carlos Walter Sobrado, presidente da Sociedade Brasileira de
Coloproctologia, a colonoscopia é o exame ideal para realizar o rastreamento por
sua maior sensibilidade e especificidade. "Mas o alto custo e o fato de ser um
método invasivo limitam sua maior utilização."
Por isso, explica, o protocolo de rastreamento mais usado para a população de
baixo risco é a pesquisa anual de sangue oculto nas fezes.
Atualmente, está sendo testado um novo exame (DNA fecal) que procura
identificar nas fezes a presença de tecidos que contenham mutações genéticas que
são frequentes no câncer colorretal.
"O Brasil não dispõe de infraestrutura nem para realizar o exame de fezes na
população, muito menos para a colonoscopia. Temos falta de aparelhos nos
serviços públicos e de médicos treinados e habilitados", diz Sobrado.
Benedito Rossi lembra, porém, que a colonoscopia pode falhar em cerca de 20%
dos casos. "As falhas estão ligadas à falta de experiência do médico, a uma
limpeza inadequada do intestino para o exame ou mesmo a problemas com o
aparelho."
O exame também está a associado a complicações, como perfuração (uma em cada
mil exames), hematomas, sangramento e dor .
Um estudo publicado no "Archives of Internal Medicine" relata que uma em cada
cem pessoas sofre efeitos adversos após a colonoscopia e vai parar no hospital.
O mais frequente é a dor abdominal.
Prevenção
Praticar exercícios físicos regularmente, evitar alimentos ricos em gordura
animal, embutidos e carnes industrializadas e aumentar o consumo de fibras é a
melhor forma de prevenir o câncer intestinal, segundo especialistas.
"As fibras aumentam o bolo fecal e diminuem o tempo do trânsito intestinal, o
que favorece o bom funcionamento intestinal e previne os tumores", diz o
coloprotoctologista Carlos Walter Sobrado.
Segundo ele, também tem sido relatado o papel de micronutrientes, como
selênio, cálcio e folatos, e das vitaminas A, B, C e E como inibidores do
desenvolvimento do tumor, mas ainda faltam estudos sólidos para comprovar isso.
Outra forma de prevenção é estar atento aos primeiros sintomas da doença,
como sangramento nas fezes, cólicas abdominais, alteração do hábito intestinal e
emagrecimento sem causa aparente. "Às vezes são confundidos com problemas
intestinais como hemorroidas, síndrome do intestino irritável e colite."
Folhaonline
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