
Se alguns hospitais já atuam na manutenção dos processos de excelência e dos selos de qualidade, outros ainda representam a grande maioria das instituições brasileiras, que “engatinham” quando o assunto é acreditação. Essa é uma das conclusões do encontro realizado durante o Saúde Business Forum 2013, que reuniu hospitais de diferentes regiões brasileiras durante a apresentação “Acreditação: como monitorar, sensibilizar e comunicar equipes para obter resultados duradouros” realizada pela diretora de qualidade assistencial da Rede D´Or, Helidea Lima, em parceria com a revista Melhores Práticas.
Na sala, hospitais do interior de São Paulo e da região Nordeste aproveitaram o momento para tirar dúvidas sobre os diferentes tipos de selo e como iniciar o processo para a conquista do certificado. Tal grupo reflete o que os números já atestam: poucos são as instituições acreditadas brasileiras. Para se ter uma ideia, dos cerca de 6800 hospitais cadastrados na base do CNES (Ministério da Saúde) apenas 250, o que corresponde a 3%, são acreditados pela ONA, Joint Comission International (JCI) ou a Acreditação Canadense. Nos Estados Unidos, 82% dos hospitais possuem a JCI.
Mas agora, com a RDC 36 lançada pelo Ministério da Saúde em julho, que obrigada as instituições a ter um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) responsável por desenvolver um Plano de Segurança do Paciente (PSP), tal ação, segundo Helidea, deve colocar o gestor em frente à necessidade de investir em qualidade. “Toda instituição de saúde deverá ter uma política de segurança na instituição. Ela [a norma] nos coloca a obrigação de definir um núcleo gestor de segurança”, pontua.
O comitê, segundo a executiva, deve ser representado por profissionais da farmácia, engenharia clínica, educação continuada e também nos processos críticos: terapia intensiva, centro cirúrgico, emergência, OPME. “É necessário que eles se reúnam para identificar as possíveis notificações que ocorrerem, pois é papel do comitê fortalecer a notificação de evento”, conta. Helidea ainda acrescenta que um estudo brasileiro recente apontou que 5,7% dos pacientes internados sofrem um evento adverso, o que expõe ainda mais a necessidade fundamental dos processos de qualidade.
Rede D´Or
Composta por 24 hospitais, a Rede D´Or São Luiz ilustra parte do restrito universo das instituições acreditadas brasileiras. Com hospitais localizados sobretudo na região sudeste, tem 50% da rede acreditada e pretende chegar em 2014 com 80% do grupo nesta condição.
Composta por 24 hospitais, a Rede D´Or São Luiz ilustra parte do restrito universo das instituições acreditadas brasileiras. Com hospitais localizados sobretudo na região sudeste, tem 50% da rede acreditada e pretende chegar em 2014 com 80% do grupo nesta condição.
Segundo Helidea, o foco da acreditação e o que ela tem implantado no grupo deve estar, sobretudo, ligado à segurança do paciente. “Ainda estamos atendendo muito a prioridade do médico”, diz, explicando que na Rede D´Or, o médico precisa se envolver cada vez mais. Outra dica dada pela especialista é o tempo entre o diagnóstico e a implementação da acreditação, que não deve ultrapassar dois anos.
“Em dois anos as pessoas cansam, muda a liderança e ele [o processo] não se mantém. Já vi unidades que em dois meses foram acreditadas”, conta. Mas a realidade do grupo está muito mais em manter o processo e os selos de qualidade e assim disseminar para outros da rede.
Na Rede D´Or, as ferramentas utilizadas são:
Termômetro de sensibilização: que mede como as equipes que atuam no hospital desde a parte de staff até os grupos médicos e diretoria estão engajados e motivados no processo de qualidade. Foi possível medir, por exemplo, quais grupos se engajam mais rumo aos processos de qualidade. A pesquisa demonstrou, por exemplo, uma ideia já disseminada por várias instituições hospitalares: o médico do corpo-clínico fechado é mais engajado do que àqueles que atuam em outras instituições.
Gestão de performance: se utiliza o software Epimed com foco na gestão clínica. Em um estudo utilizando seis hospitais da rede que são acreditados e pertencem a região sudeste e uma amostra parecida do grupo Epimed, apontou resultados relativos próximos. Dentro deles, um exemplo foi a aplicação na taxa de letalidade padronizada com pacientes internados em UTI, com foco no tercil superior do SAPS 3. “Ou seja, aqueles pacientes mais graves”. A Epimed apresentou taxa de 0, 68 % e a Rede D´Or apresentou 0, 59%. A taxa deve ser menor que 1.
Pesquisa de clima: pois como ela explica: “o processo é mudança de cultura, então se a qualidade é a alavanca, o ponto de apoio da alavanca é a gestão de pessoas feita pelo RH”.
Pesquisa de percepção de segurança: se aplica um questionário para avaliar o que os funcionários pensam sobre a segurança da instituição. “Usamos uma ferramenta validada pelo modelo canadense”.
Check-list: para o acompanhando periodicamente dos processos principais e de apoio.
SaudeWeb
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