Assis Cavalcante/Ag. Bom Dia Nilson mostra as dezenas de exame que fez para marcar cirurgia |
Pacientes se revoltam com a falta de agendamento e cancelamento. Enquanto aguardam decisão, sofrem
A esperança de se livrar da pedra no canal do pâncreas foi por água abaixo para o aposentado Nilson Aparecido da Rosa, 37 anos, ao receber a notícia do médico gastroenterologista de que a Prefeitura de Sorocaba cancelou diversas cirurgias na Policlínica Municipal de Especialidades. “Meu caso é grave. Preciso fazer a cirurgia de retirada da pedra urgente. Infelizmente, algo de errado está acontecendo entre a prefeitura e a Policlínica.”
A unidade de saúde mantida pelo Poder Público cancelou cerca de mil cirurgias que já estavam marcadas.
O aposentado fez diversos exames para realizar o procedimento, porém ainda não há previsão de quando deverá realizá-lo. “Perdi as contas de quantos ultrassons, exames de sangue e eletrocardiogramas fiz. Tenho medo que percam a validade e tenha de refazer tudo de novo para poder me submeter a esta cirurgia”, desabafa.
Ainda de acordo com o paciente, o médico avisou que não poderia marcar a cirurgia, já que a prefeitura não está mais liberando os procedimentos.
O retorno da consulta será na próxima semana e a esperança de Nilson é que consiga agendar a cirurgia e se livrar das dores no pâncreas. “O diagnóstico saiu há dois anos e quando chego perto da solução, acontece este problema”, lamenta.
Vesícula
Outra paciente que sofre com a falta de agendamento da cirurgia é a diarista Neusa Maria da Silva Aguiar, 49, que precisa retirar a vesícula. “Enquanto isso, quando tenho crise tomo remédio ou procuro atendimento na UPH [Unidade Pré-Hospitalar]. O que desejo é ficar livre deste sofrimento, mas está longe disso acontecer devido aos absurdos que ocorrem no governo.”
O outro lado
Por meio de nota, a Secretaria da Saúde de Sorocaba informou que a Policlínica faz o atendimento ambulatorial de especialidades, procedimentos de pequeno porte e exames subsidiários. A prefeitura admite que houve o cancelamento de procedimentos, mas promete reagendá-los.
opinião: Marcelo Macaus, Editor do BOM DIA
Reagendamento tem de ser logo
“É um absurdo o que fazem com a população. Nosso direito básico é ter acesso à saúde”. É o que diz a diarista Neusa, uma das prejudicadas com o cancelamento de mil cirurgias na Policlínica. E ela está certa. É dever da prefeitura organizar novo agendamento, conforme prometido. E isso não pode demorar. A CPI da Saúde tem de ficar em cima deste caso. Na verdade, mais um descaso com quem depende da saúde pública.
Vereador petista entra no caso e cobra solução
Segundo o vereador Izídio de Brito (PT), presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, instaurada na Câmara de Sorocaba, a desmarcação e a falta de agendamento de cirurgias na Policlínica são devido à falha na gestão. “Na próxima semana irei fazer uma reunião ou ir ao local para analisar o que posso fazer para atender a população. Mas quem será cobrado para que haja uma solução será o secretário de Saúde, Armando Martinho Bardou Raggio”, avisa.
Diversos pacientes já procuraram a CPI e denunciaram os casos que ocorrem na Policlínica. “O paciente adquire confiança no médico. Em um dos casos, o profissional saiu da unidade e a cirurgia foi desmarcada. Enquanto isso, o caso da pessoa está parado. Outro problema é a desorganização. Muitas fichas desapareceram”, revela.
Um dos motivos da bagunça, acrescenta o petista, é a transição de coordenação que aconteceu este ano. “O prefeito Antonio Carlos Pannunzio anunciou a entrada de um corregedor, mas o que a unidade precisa é de um organizador”, afirma Izídio.
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Casos
Destes casos, cerca de 20 mil são para consultas de oftalmologia e os demais para outras especialidades.
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Diário de São Paulo
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