Felix Lima/Folhapress Grávidas aguardam atendimento no hospital municipal de Rosário(MA) |
Entre as irregularidades: incompatibilidade entre os serviços prestados e os
recursos repassados pelo Ministério da Saúde, despesas sem comprovação e
unidades de saúde que deveriam ter recebido a verba em condições precárias e sem
equipamentos.
Na última quarta, no único hospital público da cidade, uma fila com cerca de
20 mulheres grávidas esperava num corredor lotado. A maioria havia chegado às 6h
da manhã, em jejum. Cinco horas depois, porém, não havia previsão de
atendimento.
"E ainda por cima estou sentindo dor", disse a pescadora Maria Viana, 30,
sete meses de gravidez.
O hospital -também chamado de Unidade Mista de Rosário- chegou a ser
interditado judicialmente por problemas na estrutura, segundo o Ministério
Público. O cenário é de abandono, com piso sujo, quartos e laboratórios
completamente vazios.
O centro cirúrgico, que recebia pacientes de outras cidades, também está
fechado.
A técnica de enfermagem Ivanilse Martins, 34, diz ter ficado surpresa com a
presença da reportagem. "Aqui, qualquer coisa mais grave, tem que ir até São
Luís."
Agenda apertada
Para conseguir um consulta com o oftalmologista no hospital municipal Pedro
Vera Cruz Bezerra, em Miranda do Norte (a 119 km de São Luís), no Maranhão, é
preciso encontrar espaço na agenda do médico -que só atende só atende duas vezes
ao mês.
Essa realidade contrasta com os números encontrados por auditoria local em
2011.
O levantamento mostrou que em um ano, o hospital chegou a atender 27,9 mil
pessoas para tratamento de glaucoma -número superior a toda a população da
cidade. É como se todas as crianças, adultos e idosos do local precisassem de
atendimento para o mesmo problema.
A Folha tentou falar com a secretária da Saúde e com o prefeito da cidade,
mas, segundo funcionários, eles moram em São Luís (a 138 km da cidade) e só
aparecem na cidade duas vezes por semana.
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