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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Efeitos dos desvios atingem a população

Grávidas aguardam atendimento no hospital municipal de Rosário(MA)
Felix Lima/Folhapress
Grávidas aguardam atendimento no hospital municipal de Rosário(MA)
Há dois anos, uma auditoria federal descobriu um desvio de R$ 6,9 milhões em verbas do SUS em Rosário (a 70 km de São Luís) no interior maranhense.
 
Entre as irregularidades: incompatibilidade entre os serviços prestados e os recursos repassados pelo Ministério da Saúde, despesas sem comprovação e unidades de saúde que deveriam ter recebido a verba em condições precárias e sem equipamentos.
 
Na última quarta, no único hospital público da cidade, uma fila com cerca de 20 mulheres grávidas esperava num corredor lotado. A maioria havia chegado às 6h da manhã, em jejum. Cinco horas depois, porém, não havia previsão de atendimento.
 
"E ainda por cima estou sentindo dor", disse a pescadora Maria Viana, 30, sete meses de gravidez.
 
O hospital -também chamado de Unidade Mista de Rosário- chegou a ser interditado judicialmente por problemas na estrutura, segundo o Ministério Público. O cenário é de abandono, com piso sujo, quartos e laboratórios completamente vazios.
 
O centro cirúrgico, que recebia pacientes de outras cidades, também está fechado.
 
A técnica de enfermagem Ivanilse Martins, 34, diz ter ficado surpresa com a presença da reportagem. "Aqui, qualquer coisa mais grave, tem que ir até São Luís."
 
Agenda apertada
Para conseguir um consulta com o oftalmologista no hospital municipal Pedro Vera Cruz Bezerra, em Miranda do Norte (a 119 km de São Luís), no Maranhão, é preciso encontrar espaço na agenda do médico -que só atende só atende duas vezes ao mês.
 
Essa realidade contrasta com os números encontrados por auditoria local em 2011.
 
O levantamento mostrou que em um ano, o hospital chegou a atender 27,9 mil pessoas para tratamento de glaucoma -número superior a toda a população da cidade. É como se todas as crianças, adultos e idosos do local precisassem de atendimento para o mesmo problema.
 
A Folha tentou falar com a secretária da Saúde e com o prefeito da cidade, mas, segundo funcionários, eles moram em São Luís (a 138 km da cidade) e só aparecem na cidade duas vezes por semana.

Editoria de arte/Folhapress

 Folhaonline

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