Foto: Justyna Furmanczyk / stock.xchng Substância previne doenças como espinha bífida e anencefalia |
Além de parto prematuro e restrição do crescimento, a malformação fetal é uma das principais causas de morte neonatal no mundo, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). No entanto, casos de defeitos no fechamento do tubo neural, como espinha bífida e anencefalia, podem ser prevenidos com o consumo prévio por parte das gestantes do ácido fólico, enzima que atua na divisão e remodelação celular. O consumo da substância como complementação vitamínica reduz as chances de defeitos do tubo neural.
O professor do departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Federal da Paraíba, Eduardo Borges da Fonseca, estima que no Brasil, a cada três milhões de nascidos, pelo menos três mil bebês têm defeito no tubo neural. Nos casos de anencefalia, não há tratamento possível e em situações de espinha bífida, 40% das crianças acabam morrendo. Entre as sobreviventes, as chances de sequelas são grandes e variam de problemas para andar, incontinência urinária e fecal, e retardo mental causado por hidrocefalia.
Entretanto, segundo o médico que preside a Comissão Especializada em Perinatologia da Febrasgo, 48% das mulheres planejam a gravidez e apenas 5% dessas futuras mães fazem o tratamento com ácido fólico.
— Se a mulher que deseja engravidar, a utilização do ácido fólico na dose determinada antes da concepção vai reduzir a probabilidade entre 70% a 80% do bebê ter o defeito no fechamento do tubo neural e, consequentemente, vai reduzir a mortalidade neonatal — afirma o especialista.
De acordo com Fonseca, toda mulher em idade reprodutiva que deseja engravidar deve tomar ácido fólico como suplementação. A substância pode ser ingerida através de comprimidos na dose de 400 microgramas. O Ministério da Saúde, através da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), dispõem um medicamento líquido também. O médico ressalta que o tratamento deve iniciar 30 dias antes da concepção e nos dois meses seguintes para reduzir as chances do feto ter um dos problemas de malformação.
— A coluna e a pele que a recobre, ou seja, o tubo nervoso, se forma da quarta à sexta semana de gestação. Então, se a paciente não usa antes de engravidar, muito provavelmente ela vai perder a oportunidade de prevenir as malformações. Isso ocorre porque, geralmente, quando as gestantes chegam no médico, já estão com mais de oito semanas de gravidez — diz.
Fonseca explica que a substância é uma enzima que atua no mecanismo de divisão e remodelação celular e sua deficiência faz com que a divisão celular seja de maneira inadequada. Dessa forma, o feto não tem a formação de osso na coluna, na cabeça e da pele que recobre o osso, deixando o sistema nervoso exposto. E a suplementação com ácido fólico vai estimular a formação celular da pele e do tecido do osso, evitando os problemas.
A substância pode ser encontrada em farmácias e no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) instituiu que, a cada 100g de farinha produzidas, 150 microgramas sejam enriquecidas com ácido fólico sintético, mas a quantidade não é suficiente para ajudar na prevenção dos defeitos, segundo Fonseca.
Zero Hora
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