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terça-feira, 10 de setembro de 2013

Idade biológica pode ser diferente da cronológica

Com que rapidez você está envelhecendo? Não procure a resposta em fatores de risco de doenças. Eles pouco dizem sobre o processo misterioso que transforma crianças em idosos. Os candidatos aparentemente óbvios também não servem. As rugas, por exemplo, muitas vezes têm mais a ver com a exposição ao sol do que com a idade.
 
Pesquisadores identificaram recentemente alguns bons indicadores da passagem do tempo e da velocidade com que ela ocorre. Desenvolver uma "maneira fácil de medir a idade biológica terá um amplo leque de aplicações na previsão e na prevenção de doenças relacionadas à idade, na descoberta de drogas e na medicina legal", disse o doutor Kang Zhang, do Instituto de Medicina Genômica da Universidade da Califórnia em San Diego.
 
Enquanto novas tecnologias capazes de detectar milhares de mudanças moleculares associadas à idade em células ganharam destaque recentemente, o doutor Zhang e seus colegas relataram que uma espécie de relógio do envelhecimento molecular está embutido em nossos genomas, cuja velocidade pode ser medida por meio de exames de sangue.
 
Os especialistas geralmente concordam que biomarcadores aceitáveis do envelhecimento deveriam prever o período de vida restante de uma pessoa de meia idade com maior precisão que a idade cronológica. Eles também deveriam oferecer uma imagem coerente da idade biológica, disse o doutor Richard A. Miller, gerontologista na Universidade de Michigan.
 
Em 2010, o doutor Miller e seus colegas analisaram registros médicos de 4.097 mulheres, coletados ao longo de duas décadas desde que elas tinham 60 anos, para peneirar 13 fatores que davam uma melhor previsão da mortalidade por diferentes causas. Estranhamente, a sensibilidade ao contraste --medida por um teste da capacidade do olho de identificar imagens levemente sombreadas sobre fundos brancos-- estava entre o mais revelador dos 377 fatores avaliados.
 
Juntos, os 13 fatores "caracterizam a apresentação clínica do envelhecimento saudável", concluiu o estudo.
 
Recentemente, o doutor Zhang e colegas disseram que as partes móveis do relógio do envelhecimento molecular consistem em etiquetas químicas de moléculas de DNA que controlam se os genes estão ativos nas células. Eles descobriram que os padrões das etiquetas, chamadas de marcadores epigenéticos, mudam previsivelmente com a idade. Em um estudo publicado em janeiro em "Molecular Cell", os cientistas analisaram 485 mil dessas etiquetas em células sanguíneas de 656 pessoas e encontraram 70.387 etiquetas que davam previsões de idade cronológica.
 
O relógio já produziu conclusões interessantes. Os homens parecem envelhecer em média 4% mais depressa que as mulheres, o que pode explicar por que a expectativa de vida das mulheres supera a dos homens em cerca de 6%. A pesquisa também indicou que as células de tumor envelheceram em média 40% mais que as células normais dos mesmos pacientes.
 
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill implantaram recentemente um gene de vagalume em ratos, produzindo animais cujas células se acendem conforme envelhecem e se tornam "senescentes", perdendo a habilidade de se dividir e renovar os tecidos danificados. Essa perda está ligada a doenças relacionadas ao envelhecimento em muitas espécies. De modo surpreendente, os níveis de luminosidade não estavam intimamente associados à longevidade, sugerindo que a senescência celular é apenas uma parte do quebra-cabeça do envelhecimento. Os pesquisadores também descobriram que células não cancerosas perto de tumores incipientes emitiam um brilho forte: os cânceres em fase inicial aparentemente provocavam pontos de envelhecimento celular acelerado. Isso significa que "podemos ver os primeiros estágios moleculares do câncer" se desenvolverem em ratos, disse o doutor Norman E. Sharpless, que chefiou o estudo.
 
Os testes de ritmo de envelhecimento poderão um dia oferecer visões de riscos para a saúde e revelar como fatores, tais como a exposição a substâncias tóxicas, aceleram o envelhecimento.
 
Folhaonline

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