"Sou uma das vítimas da falta de médico." Assim se identifica a funcionária pública municipal Maria de Fátima Sousa Fernandes, de 56 anos, moradora de Cubati. Há cerca de três anos, ela teve apendicite. Quando ia ao médico, recebia a informação de que se tratava da vesícula. Até que, durante uma crise aguda, foi por conta própria a uma emergência em Campina Grande. "Minha barriga não tinha mais o que inchar, cheguei no limite, teria morrido se não tivesse feito a cirurgia", contou. Retiraram o apêndice e também o ovário.
Há cerca de um ano, apareceram miomas no seu útero. São dois, com três centímetros cada. Sente dores e peso "no pé da barriga". Conseguiu consulta com uma ginecologista que atende uma vez por mês na cidade, por meio da ação em consórcio das prefeituras da região. Fez os exames solicitados: os de sangue, no hospital da cidade, e os outros - intravaginal, mamografia, eletrocardiograma e exame de risco cirúrgico - pagou com a ajuda da família. "Para evitar demora." De posse de todos os exames, ela depende, agora, de encaminhamento médico para ser operada em Campina Grande ou em uma cidade do Piauí. Hipertensa, está à espera.
Maria de Fátima vê com bons olhos a chegada da nova médica. "Aqui a prefeitura tem de chaleirar (bajular) os médicos para nos atender", observou. A pouca idade e a cara de menina de Andreza Santos não desmerecem a profissional. "O importante é o estudo, o saber", assegurou.
"E não importa de onde venha, nós, de baixa renda, precisamos", complementou Josineide Alves, de 43 anos, referindo-se aos médicos estrangeiros. Ela teve gravidez de risco duas vezes, por causa da idade e da pressão alta. Os filhos estão com 1 e 3 anos. Passou por maus bocados, enfrentou períodos sem médico no posto de saúde, mas sempre pôde contar com a enfermeira Egilda Siqueira, funcionária da prefeitura. "Ela fez o meu pré-natal, media, pesava, mandava para a médica, deu apoio e amor", relatou, grata, enquanto esperava sua vez para ser atendida no posto de saúde.
Erinaldo Fernandes dos Santos, de 43 anos, tem pressão alta. Sentiu uma "dor no coração" e foi ao hospital de Cubati, na quarta-feira. Não tinha médico e soube que o eletrocardiograma havia quebrado na semana anterior. De moto, tratou de procurar atendimento em outro município da vizinhança.
Drama. Edlaine Martins Barbosa, de 29 anos, auxiliar de administração na prefeitura, separada, dois filhos, vive um drama particular. O filho mais velho, Daniel, de 7 anos, começou a ter convulsões aos 3.
Teve diagnóstico de epilepsia e a certeza de que ficaria bom. Apesar das dosagens cada vez mais altas dos medicamentos receitados, ele só piorou e chega a ter 30 convulsões por dia. Por isso, abandonou a escola. Tem de ser olhado de perto por alguém porque durante as crises já se machucou.
Desesperada, Edlaine chegou a fazer empréstimo para financiar uma ressonância magnética do filho. Já procurou médicos particulares em Campina Grande e em João Pessoa. Os tratamentos não funcionam.
Agora, ela tenta, com ajuda da Secretaria de Saúde, que o filho seja atendido no Instituto de Medicina Integrada (Imip), no Recife. Até agora, não conseguiu. "Sei que eles são bons e poderiam investigar e dizer o que o meu filho realmente tem." / A.L.
MSN
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