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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Paternidade tardia traz maior risco de doença psiquiátrica aos filhos

Foto: Reprodução
Estudo compara filhos com pai de 20 a 24 anos com outros acima de 45. Eles são 25 vezes mais propensos a sofrer desordens bipolares, diz estudo
 
Os filhos de pai de mais idade apresentam um risco maior de desenvolver doenças psiquiátricas, autismo, ou transtornos de atenção, se comparado com filhos de pai mais novo, revela um amplo estudo sueco-americano publicado nesta quarta-feira (26) nos Estados Unidos.
 
O estudo se soma a um crescente corpo de investigações sobre os efeitos negativos de retardar a reprodução nos homens, em uma área que, tradicionalmente, havia-se concentrado nos riscos em relação às mulheres.
 
Comparado com aqueles cujos pais tinham entre 20 e 24 anos na época da concepção, as pessoas com pais de 45 anos ou mais quando nasceram são 25 vezes mais propensas a sofrer desordens bipolares, revelam as descobertas publicadas na JAMA Psychiatry, periódico da American Medical Association.

A pesquisa, realizada com mais de dois milhões de pessoas na Suécia, também aponta que os que nasceram de pais mais velhos são 13 vezes mais propensos a ter transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.
 
"Ficamos chocados com os resultados", afirmou o principal autor da pesquisa, Brian D'Onofrio, professor associado do Departamento de Psicologia e Ciências do Cérebro no College of Arts and Sciences da Univesidade de Indiana, em Bloomington.
 
"As associações específicas com a idade paterna são muito, muito maiores do que em estudos anteriores", completou D'Onofrio, que colaborou nesse estudo com pesquisadores do Instituto Karolinska, de Estocolmo.
 
O tamanho da base de dados - que considerou um universo de 2,6 milhões de pessoas - equivale a todas as pessoas nascidas na Suécia entre 1973 e 2001.
 
O pai mais velho esteve associado a uma maior possibilidade de desenvolver esquizofrenia, a maiores tentativas de suicídio e a problemas de consumo de drogas em seus descendentes, além do maior fracasso escolar, ou menores graus de coeficiente intelectual.
 
Os filhos de pais de 45 anos, ou mais, também tinham 3,5 vezes mais possibilidade de desenvolver autismo e 2,5 vezes mais possibilidade de comportamento suicida, ou problemas de consumo de drogas do que aqueles, cujos pais tinham 24 anos, ou menos, quando nasceram.
 
Filhos cada vez mais tarde
A probabilidade de ter um ou mais dos problemas relatados aumenta consideravelmente com a idade do pai, o que marca que não há um limite de idade que cause maiores riscos.
 
Os cientistas também levaram em conta fatores como um maior salário, algo comum nos homens mais velhos e um fator que deveria minimizar a pressão sobre a criança, mas descobriram que as fortes associações se mantinham também nesses casos.
 
"Os resultados nesse estudo são mais informativos do que qualquer outro anterior", disse D'Onofrio.
 
"Em primeiro lugar, tivemos a maior amostra para um estudo da idade paterna. Segundo, prevemos muitos problemas acadêmicos e psiquiátricos associados com uma significativa incapacidade", afirmou.
 
As mulheres sempre sofreram com o fato de que seu fornecimento de óvulos vai diminuindo de forma constante, enquanto que os homens fabricam esperma, mesmo em idades mais avançadas.
 
Agora, os pesquisadores sabem que as mutações de DNA podem acontecer sempre que o esperma se renova. À medida que o homem envelhece, expõe-se a mais toxinas ambientais que podem levar a mudanças de DNA em seu esperma.
 
É cada vez mais comum hoje que homens e mulheres tenham filhos depois dos 40 anos.
 
A idade média das mães de primeira viagem nos Estados Unidos era de 21,5 anos em 1970 e de 25,6 anos em 2011, segundo dados do organismo federal dos Centros para o Controle e Prevenção de Enfermidades. Já os homens tendem a ter três anos a mais em média.
 
G1

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