Foto: stock.xchng / stock.xchng Mulheres são as mais afetadas pelo joanete |
Ele é feio, causa dores, dificuldade para calçar sapatos e só pode ser eliminado com cirurgia. Quem convive com um joanete no pé sabe muito bem o quanto ele pode atrapalhar a vida. Muito mais comum entre as mulheres, esse problema em que o dedão aponta para os outros dedos, formando uma espécie de calo na lateral do pé, ainda não tem causa conhecida. Os tão acusados sapatos de bico fino e salto alto não são os causadores do problema, mas, sim, fatores que geram mais dor.
— Mesmo aquelas populações que nunca usaram sapatos têm joanete. O calçado apertado piora a dor, mas não a deformidade em si — explica o ortopedista e cirurgião do pé e tornozelo do Hospital São Lucas da PUCRS Ricardo Bertol.
Ou seja, as mulheres "contempladas" com o joanete não contam com muitos recursos para conter a sua evolução. Optar por calçados mais confortáveis ou apostar em órteses vendidas em lojas ortopédicas que afastam o dedão dos outros dedos evitam as dores, mas não têm qualquer eficiência para tratar a causa.
— O joanete é autoperpetuante, ou seja, quando começa, se autoalimenta. O que se pode fazer é tratar o sintoma, mas não há como combater a causa — diz Bertol.
A genética explica a maioria dos casos de joanete. Quem tem familiares com o problema tem muito mais chances de também desenvolver a deformidade mesmo antes dos 30 anos, idade em que ela costuma aparecer.
— Algumas mulheres usam sapatos apertados, com bico fino e salto alto a vida inteira e não desenvolvem joanete. Mas se você soma a predisposição genética ao uso desse tipo de calçado, aumentam as chances de ter o problema — esclarece o ortopedista do Hospital de Clínicas Carlo Henning.
Cirurgia é recomendada apenas em casos de dor
Foi justamente essa a soma feita pela fisioterapeuta Roberta Kaster Titton, 28 anos. Mesmo sabendo que o pai e a mãe tinham o problema, ela não abriu mão de usar os seus calçados preferidos. Aos 11 anos, o joanete já deu os primeiros sinais e Roberta logo procurou ajuda médica.
— Eu sentia muita dor e desconforto, mesmo usando sapatos que não apertassem o joanete diretamente. Como sempre tive acompanhamento do ortopedista, já sabia que acabaria precisando de cirurgia — conta.
Roberta realizou a cirurgia nos dois pés há pouco mais de quatro meses. Foram cinco dias sem poder pisar no chão, 20 andando com muletas e 60 com o auxílio de uma sandália ortopédica. Mas a fisioterapeuta recomenda o procedimento.
— Sou uma mulher muito mais feliz agora que tenho meus pés bem bonitos. Muitas pessoas diziam que se eu fizesse a cirurgia em somente um pé não teria coragem de fazer o segundo, mas não foi nada traumático — afirma a fisioterapeuta.
Os alertas que Roberta ouviu, apesar de um tanto alarmistas, são comuns. A cirurgia, única alternativa para acabar de vez com o joanete, era difícil, dolorosa e nem sempre eliminava totalmente o problema. Mas a evolução da medicina mudou esse quadro, e hoje há diversas metodologias para realizar o procedimento, muitas delas pouco invasivas.
— A cirurgia do joanete ficou com má fama por causa da dor que causava e dos altos índices de insucesso. Há alguns anos, a deformidade voltava em 30% a 40% dos casos. Hoje, esse número caiu para 5%, e muitos pacientes saem andando do hospital — afirma Bertol.
Mesmo simplificada, a cirurgia para eliminar o joanete só é recomendada para quem sente muita dor e desconforto. Se as motivações forem somente estéticas, por mais que elas incomodem as mulheres, o procedimento não é indicado.
Zero Hora
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