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Estudo: quanto mais ativos nas redes sociais, maior é a
insatisfação do casal no relacionamento
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Nada passa em branco nas redes sociais: uma curtida naquela foto nova de perfil ou um comentário mais gracioso em alguma publicação são suficientes para semear a desconfiança sobre as verdadeiras intenções por trás dos contatos virtuais.
“Quem é aquela pessoa?” e “de onde vocês se conhecem?” são perguntas recorrentes. Com o tempo, ciúmes e insegurança acabam desgastando o relacionamento.
Uma pesquisa divulgada pela Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, concluiu que o Twitter é responsável por potencializar conflitos na relação a dois, facilitando situações de infidelidade e desconfiança, separação e até divórcio - em casos mais extremos. Tudo isso porque, quanto mais ativo é o usuário dessa rede social, mais insatisfeito fica o parceiro, propenso a discutir e monitorar a vida digital do outro.
“Nas redes sociais, você pode passar uma imagem que, na vida real, não é tão verdadeira assim. Desse jeito, é mais fácil começar novas amizades e é isso que acaba incomodando a outra pessoa, principalmente se ela já tiver um histórico de insegurança e desconfiança”, afirma a psicóloga comportamental Fernanda Corrêa, da clínica terapêutica Viva, em Campinas.
A distorção da realidade também é um ponto comum em sites como Facebook, Twitter e Instagram, entre outros. Muitas vezes, um comentário inocente acaba interpretado da maneira errada, motivado pela dúvida em relação ao sentimento do parceiro. Se essas pequenas frustrações não forem discutidas com sinceridade, o problema pode ficar ainda mais grave.
“Saber que o parceiro pode estar em contato com ex-namoradas e outras mulheres, talvez solteiras, é uma coisa que mexe com o temperamento de qualquer um. Mesmo que o casal faça um pacto de não interferir na individualidade do outro, as redes sociais podem acabar envenenando o relacionamento aos poucos”, acredita Margareth Signorelli, terapeuta e coach de relacionamentos. Para a especialista, a melhor solução é evitar a exposição e se distanciar das redes sociais.
Fora da vitrine virtual
Valéria Pereira, securitária, e Davide Ferrara, tradutor, estão juntos há quatro anos, mas de um ano para cá resolveram se abster de qualquer rede social – até mesmo do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. A decisão foi tomada em conjunto, após o casal perceber que a vida digital de cada um estava comprometendo a relação.
“Quando tínhamos Facebook, brigávamos muito por causa de ciúmes e desconfiança, ficávamos monitorando o perfil um do outro para questionar qualquer comentário ou curtida em foto, principalmente se fosse com pessoas desconhecidas”, lembra Valéria. Como nenhum dos dois podia acessar a rede social do trabalho, os dias pareciam mais longos e ansiosos do que o normal.
“Você passa a viver em função daquilo, só esperando o momento de fuçar na vida da pessoa”, afirma ela.
Davide, que é italiano e mora há alguns anos no Brasil, precisou encontrar outra maneira de manter contato com amigos e familiares do outro continente.
“Quando saí do Facebook, acabei perdendo contato com várias pessoas, naturalmente. Mas quem realmente se importa conversa comigo até hoje pelo Skype, sem problema nenhum”, conta ele. Valéria acredita no mesmo.
“Quem é amigo de verdade tem o meu telefone, meu e-mail e o meu endereço, é só me procurar”, diz.
Para ambos, o relacionamento ficou muito mais sereno e feliz depois do isolamento digital, sem tanta cobrança e a necessidade de conhecer todas as pessoas adicionadas no perfil do outro.
“No começo, até deu um pouquinho de saudade, mas acessar as redes sociais é só um hábito. Quando você se acostuma a ficar sem, percebe que a única função delas é para xeretar a vida dos outros, e ninguém precisa disso. Meus relacionamentos hoje têm mais qualidade”, reforça Davide.
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Perfis duplos só funcionam com casais tranquilos, para quem
o ciúme não tem espaço
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Uma opção para quem não quer se livrar de uma vez por todas das redes sociais são as páginas duplas. Apesar de parecer uma boa ideia, a criação de perfis únicos para os casais acaba sendo um desconforto para os amigos, que precisam “adivinhar” quem está logado a cada vez, para evitar gafes ou comentários errados, para os parceiros errados.
“A partir do momento que você precisa proibir o outro de fazer alguma coisa, já é um sinal de que as coisas não vão bem, ou seja, de que a cumplicidade que deveria existir não está sendo colocada em prática. Excluir o Facebook é uma solução temporária, porque você não exclui a dúvida ou a desconfiança”, pondera Fernanda Corrêa.
A vontade de afastar o outro das redes sociais pode indicar problemas mais graves, sejam eles pessoais ou relacionados ao casal, como baixa autoestima e insegurança. Se esses sentimentos são a verdadeira fonte de descontentamento, novas proibições surgirão no futuro e poderão comprometer o relacionamento.
Para a assistente editorial Giovanna Victor, o descontentamento do ex-namorado em relação às atividades dela nas redes, ainda na época do Orkut, foi apenas o primeiro sinal de que as coisas não terminariam bem.
“Ele tinha muito ciúme dos meus amigos homens, e eu, apaixonada, acabei cedendo à pressão psicológica e exclui o meu perfil”, conta ela.
Quando os usuários começaram a migrar para o Facebook, Giovanna continuou fora da rede social, embora o ex tenha criado um novo perfil.
“Acabou não dando certo de qualquer forma, o Facebook só inibia o que já estava destinado a acontecer”, acredita. O relacionamento terminou e restou um pouco de arrependimento por ter estado tanto tempo longe de amigos e familiares nas redes.
“Perdi muita coisa, principalmente por estar no meu primeiro ano de faculdade”.
A melhor saída para evitar esses conflitos é adotar uma postura madura e conversar com o parceiro com sinceridade, expondo as dúvidas e receios em relação à presença nas redes sociais. Respeitar a individualidade do outro, com confiança e segurança, também diminui as discussões.
“O casal deve ser parceiro e trabalhar a sintonia e a segurança, sem precisar fazer coisas escondidas. Quando existe cumplicidade, parceria e transparência, não sobra espaço para a dúvida”, aconselha Fernanda Corrêa.
Delas
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