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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Novas drogas têm surgido para aumentar a eficácia dos tratamentos da hepatite C

Foto: Reprodução
Em estágio avançado, hepatite forma nódulos no fígado
Medicamentos podem reduzir tempo de tratamento e os efeitos colaterais
 
Enfrentar calafrios, febres e dores de cabeça fazem parte do cotidiano de quem precisa utilizar remédios de ação indireta em busca de uma chance de cura — que pode variar entre 50% e 75% — da hepatite C.
 
— O tratamento foi tão difícil quanto a doença em si. Os efeitos colaterais eram infindáveis e pareciam mudar dia a dia — contou Sam May, em congresso internacional sobre doenças do fígado ocorrido em abril, em Londres.
 
A inglesa, hoje curada da hepatite C, descobriu a doença mais de 20 anos depois de infectada, porque a enfermidade costuma ser assintomática. Quando detectada, pode estar em estágio avançado de danos ao fígado.
 
Novas medicações, mais do que reduzir o tempo de tratamento e os efeitos adversos, querem alcançar também com mais chances de cura os pacientes que chegam à cirrose justamente porque demoram a apresentar sintomas. Neste mesmo evento, a empresa farmacêutica Abbvie divulgou os dados de pesquisa com 2,3 mil infectados de 25 países e submeteu, agora em maio, à Agência Europeia de Medicamentos e, em abril, à Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos (FDA), pedido de aprovação para comercialização de tratamento totalmente oral e sem o uso de interferon — terapia de ação indireta sobre o sistema imunológico e não sobre o vírus. A porcentagem de cura nestas novas drogas pode chegar a quase 92% e 96% em pacientes cirróticos e não cirróticos.
 
— Nos últimos 10 anos, temos alcançado avanços no tratamento do genótipo 1 da hepatite C. E eles estão vindo em ondas. Nos Estados Unidos, desde o final de 2013 chegou-se à segunda delas, com a aprovação de tratamento composto por Sofosbuvir e Simeprevir, que encurtou o tratamento para 12 a 24 semanas — explica o médico Hugo Cheinquer, professor de gastroenterologia e hepatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
 
Conforme Cheinquer, a terceira onda seria composta pelo tratamento apresentado pela Abbvie no congresso, chamado de 3D, realizado com três drogas antirretrovirais e orais, e um da Gilead, de duas drogas (combinados em único comprimido).
 
Para o Brasil, que, segundo Cheinquer, vive a primeira onda, com o uso de Telaprevir e Boceprevir associados a Interferon Peguilado e Ribavirina, a Abbvie e a Gilead esperam trazer os medicamentos até 2015.
 
*A editora viajou a Londres para o Congresso Internacional do Fígado a convite da Abbvie
 
A importância de descobrir os infectados
Para o diretor médico da Abbvie, Fernando Tatsch, talvez seja tão ou mais relevante agir sobre a prevenção da progressão da doença do que da doença em si.
 
— Com autorização dos órgãos de saúde, os tratamentos vão ser mais simples. Se mais pacientes poderão se tratar, o acesso se torna melhor, porque os preços baixam — completa.
 
Cheinquer complementa que é preciso associar políticas como as de aprovação dos novos remédios à distribuição deles a todos os pacientes, além daquelas que busquem a descoberta do infectado:
 
— No Brasil, tratamos hoje cerca de 10% dos pacientes. Arranhamos apenas a ponta do iceberg.
 
Para se alcançar isso, ele cita o exemplo de ações feitas nos EUA, como as que testam pessoas pela data de nascimento (de 1945 a 1965, que passaram por situações de risco de contaminação antes da descoberta do vírus).
 
— É um vírus "injustiçado". Mata mais pessoas do que o HIV no mundo e recebe menos verbas para tratamentos. Laboratórios têm de colaborar nos preços — diz Cheinquer.
 
As empresas ainda não falam em custos. Hoje, apenas um comprimido de Sofosbuvir, remédio utilizado nos EUA, custa cerca de mil dólares.
 
Os números da doença
— Cerca de 160 milhões de pessoas têm hepatite C no mundo
 
— Uma vez infectadas, de 15% a 25% das pessoas conseguem se livrar do vírus em até seis meses, sem necessidade de tratamento
 
— Até 85% não conseguem e desenvolvem hepatite crônica
 
— Como os sintomas de hepatite C podem demorar até 30 anos para se manifestar, testes para detecção precoce se tornam importantes
 
— Quando os sintomas aparecem, normalmente são sinais da doença já em estágio avançado
 
— Seis genótipos da infecção viral são identificados, mas o 1 é o mais frequente e mais difícil de tratar. Eles podem ser descobertos por exame de sangue e não mudam no decorrer da infecção
 
— A hepatite C causa 25% dos casos de câncer de fígado
 
— Os novos estudos incluem pacientes cirróticos, até mesmo aqueles com falha prévia em uso de Interferon e Ribavirina, doentes que hoje não têm opção eficaz de tratamento
 
Zero Hora

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