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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Mitos da libido feminina dificultam vida sexual mais plena

Mulher preocupada com a vida sexual - Foto: Getty Images
Getty Images
Especialistas tiram dúvidas sobre orgasmo, excitação, desejo sexual e outros temas 

Desejo e sexo são temas que sempre interessam, mas muitas vezes causam dúvidas e receios. Ainda mais quando o assunto que vem a baila é a libido feminina, parece que o tema fica ainda mais nebuloso: nem mesmo algumas mulheres sabem sobre seu próprio desejo sexual. 

"Muitas não conhecem o próprio desejo, não sabem os caminhos para descobri-lo e estimulá-lo e muito menos não conseguem dividir esta dificuldade com o parceiro", considera a psicóloga Juliana Bonetti, especializada em sexologia. O resultado: diversos mitos sobre o assunto e muita dificuldade de algumas mulheres conseguirem encontrar prazer na sua vida sexual! Para ajudar, perguntamos a dois especialistas sobre alguns desses mitos sobre o prazer feminino. 

Confira a seguir se você sabe mesmo a resposta para todos:

Toda mulher tem problemas de libido?
Para nossos especialistas, poucas pessoas ainda acreditam nessa afirmação, que realmente é um mito. Mas isso não significa que muitas mulheres não sofram com esse problema. "O aspecto social tem influencia muito grande sobre a sexualidade de todos e a mulher muitas vezes ainda tem que fingir que não gosta de sexo", considera o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr., professor e médico do ambulatório de sexologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, muitas mulheres podem apresentar problemas de libido esporadicamente, por exemplo logo após a gravidez e na menopausa. "Mesmo as mulheres mais bem resolvidas com relação a isto, podem passar por períodos de queda de desejo", pondera a psicóloga Juliana Bonetti, especializada em sexologia.

O homem sempre gostará mais de sexo do que a mulher?
Esse é um mito, mas com razão de ocorrer. Biologicamente a substância ligada ao desejo sexual é a testosterona, também conhecida como hormônio masculino, já que o homem a apresenta em quantidade cerca de vinte vezes maior do que a mulher. Tanto que Mendes Jr. pontual que muitas mulheres mais proativas podem ter mais desse hormônio circulando pelo corpo.

Mas para os especialistas o fator social tem um peso muito maior nesse ponto também. "Historicamente apenas os homens tinham permissão para viverem a própria sexualidade, pois isso eles expressam melhor seu desejo, mas isto não significa que eles gostem mais de sexo", atesta a psicóloga Juliana. Além disso, os homens muitas vezes se sentem mal quando a parceira demonstra um maior "apetite" sexual do que eles, pois têm medo de não satisfazê-las. Tudo isso leva as mulheres a mostrarem menos esse seu lado. 

A mulher pode perder ou conquistar a excitação durante o sexo?
Verdade! Enquanto os homens tem uma progressão mais linear durante o sexo, a mulher está mais suscetível a perder ou até mesmo conquistar a excitação a qualquer momento durante o ato. "A mulher precisa ter desejo e estimulação em qualidade e quantidade suficiente para excitar-se e obter o orgasmo", considera Juliana. Para o ginecologista e sexual Mendes Jr., nesse aspecto é importante que o parceiro não pense apenas nos órgãos genitais e invistam em estímulos em outras zonas erógenas do corpo feminino, que variam em cada mulher. 

Masturbar-se com ou sem vibradores pode atrapalhar o prazer com o parceiro?
Eis um grande mito. Conhecer seu corpo é a melhor forma da mulher sentir mais prazer durante o sexo também. "A mulher que se toca é aquela que se conhece, que sabe como fazer para obter satisfação sexual", expõe a psicóloga Juliana. Mas, normalmente, esse tipo de mito se cria porque há um tabu em torno masturbação feminina. "Desde criança a menina é proibida de tocar o próprio clitóris", considera Mendes Jr.

É claro que masturbar-se tem suas vantagens: "o vibrador segue o desejo da mulher e sempre será usado quando ela sentir necessidade, não tem as vontades e às vezes o egoísmo do parceiro", compara o sexólogo e ginecologista. Mas ele mesmo pondera: "porém, nada substitui a troca que o sexo proporciona". 

A maior parte das mulheres não atinge o orgasmo vaginal?
Verdade. Mendes Jr. define que o maior órgão sexual da mulher não é a vagina e sim o clitóris. "Nele está a maior parte dos nervos e ele acaba sendo o gatilho de todas as sensações de prazer", explica o especialista. É claro que é possível sentir excitação e até se chegar ao orgasmo com o estímulo de outras partes do corpo. "Mas normalmente é no clitóris que tudo se deflagra", completa Mendes Jr.

Na realidade existe apenas um orgasmo, que pode ser atingido de diversas formas. "No entanto para obtê-lo algumas mulheres precisam de estimulação direta no clitóris e outras conseguem pela estimulação indireta do clitóris devido ao movimento da penetração", explica Juliana. O mais importante é que atingir apenas através da estimulação direta não tem mais ou menos valor, e cada mulheres precisa aceitar sua individualidade nesse aspecto. 

A fase em que as mulheres têm maior desejo sexual é aos 30 anos?
Depende. A casa dos 30 anos é muitas vezes chamada de "idade da loba", e dizem ser a época do auge sexual feminino. Isso foi estabelecido a partir de um estudo de 1956, mas continua sendo repetido até hoje. A ideia principal é que nessa faixa etária a mulher já teria tido filhos, saído de algum relacionamento mais longo e estaria mais amadurecida com a própria sexualidade. "Provavelmente dizem isto porque aos 30 elas ainda possuem vigor físico e ao mesmo tempo maturidade suficiente para se desprender de questões que impossibilitam uma vivência sexual satisfatória", considera Juliana.

De fato, a experiência ajuda as mulheres a terem mais prazer sexual. "Aos vinte anos o emocional e a descoberta ainda são mais preponderantes na relação da mulher com o sexo, ela ainda está experimentando e vendo do que gosta e do que não gosta", considera Mendes Jr. Porém, o mais importante de se ressaltar é que isso nem sempre é válido, e mesmo depois dos 30 anos é possível ter uma vida sexual plena e satisfatória.

A mulher tem maior facilidade para ter orgasmos múltiplos?
Verdade! Para os homens, ter orgasmos múltiplos é mais difícil, já que a cada ereção eles precisam de muita energia e depois disso é preciso ter um descanso, chamado de período refratário. No caso das mulheres, esse período acaba sendo mais curto. "Toda mulher tem o potencial para ter um orgasmo múltiplo, se for bem estimulada e se entregar totalmente ao ato", considera o sexólogo e ginecologista Mendes Jr. Porém, apenas 10% das mulheres já conseguiu ter mais de um orgasmo de uma vez. 

É verdade que o orgasmo da mulher é mais longo e forte?
Não é possível determinar esse tipo de comparação. "Não tem como afirmar se o orgasmo da mulher é mais poderoso que o do homem, mesmo porque esta é uma sensação subjetiva", considera a psicóloga Juliana. Para Mendes Jr., o orgasmo é uma coisa só, uma sensação para a espécie humana, e talvez a diferença esteja em como cada um reage a essa sensação. 

Minha Vida

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