"Na década de 90, havia mais campanhas voltadas
para os segmentos mais vulneráveis. Isso acabou, porque as organizações
não governamentais não conseguem mais fazer seus trabalhos, e o governo
não vem aplicando os recursos relacionados. A informação precisa sempre
estar sendo realimentada. As gerações vão passando e vivenciando uma
liberdade maior. Hoje, se fala de sexualidade de uma forma muito mais
ampla do que se falava antigamente. As pessoas estão transando mais e
não estão se cuidando", defendeu o diretor do Grupo Arco Íris, Júlio
Moreira.
Ele criticou o fato de campanhas voltadas a jovens gays
e prostitutas não terem ido adiante. "É necessária uma política
específica para esses segmentos. É preciso dialogar em uma linguagem que
as pessoas vão compreender. Se você for falar para jovens gays,
tem que ser uma linguagem que eles compreendam. Não adianta pasteurizar
tudo e não atingir o público-alvo", explicou, que também aponta a
dificuldade das organizações cumprirem exigências de editais públicos
para fazer campanhas. "A gente tem dificuldades em fazer um trabalho de
longo prazo e mapear essa comunidade, para ter uma continuidade na
ação".
Membro da secretaria executiva do Fórum de ONGs/Aids,
Renato Da Matta aponta que setores conservadores e grupos religiosos
contribuíram para enfraquecer as campanhas e a discussão do tema nas
escolas. "Estamos vendo jovens de 13, 14 anos se infectando e não
podemos entrar nas escolas e falar sobre isso. O Brasil está criando uma
nova geração de infectados pela aids", alerta.
Preconceitos em
relação à doença também são responsáveis pela desinformação, segundo Da
Matta. Para ele, a doença foi banalizada por parte da população. "As
pessoas perderam o medo da aids. Hoje, elas têm a ideia de que você toma
um remedinho e fica tudo bem. Não é assim. A aids é considerada uma
doença crônica degenerativa".
Agência Brasil
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