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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Cuidados na praia: faixa de areia traz série de riscos à saúde dos banhistas

Foto Guito Moreto
O chuveirinho pode se transformar num banho de urina, alertam especialistas
Chuveirinho, mate gelado e a própria terra podem ser transmissores de doenças, alertam especialistas
 
Rio - Entre o calçadão e o mar, a beleza das praias pode esconder perigos invisíveis à saúde. No chuveirinho para se refrescar em pleno calor de 40ºC ou aproveitando o tradicional mate gelado de galão, o banhista pode estar exposto às mais variadas doenças sem que desconfie.
 
O primeiro inimigo está logo na pisada inicial na praia: a areia. A contaminação, aí, pode ocorrer de diferentes formas. Na parte seca, o contágio pode se dar por meio de parasitas e larvas oriundos de fezes de animais que frequentam o local.
 
— Atualmente, é proibido levar animais para a praia, mas isso não impede que os abandonados a frequentem e acabem infectando a areia. E ainda vemos alguns domesticados, levados por seus donos, transitando por lá — afirma o infectologista Ricardo Barbosa.
 
Esgoto mal tratado traz bactérias
Porém, é em outra parte da areia que se encontram os maiores problemas.
 
— Na areia molhada, existem regiões na praia em que há esgoto mal tratado que desemboca no mar, e o contato humano com as bactérias presentes pode causar náuseas e diarreia — diz Barbosa.
 
A indicação é consultar as pesquisas que mostram os níveis de contaminação das areias das praias.
 
Porém, esses relatórios não são divulgados com a mesma periodicidade do que as notificações sobre o nível de impureza no mar. Por isso, os banhistas devem se precaver e evitar a todo custo as regiões onde há escoamento de esgoto na praia.
 
Chuveiro pode ser ‘banho de urina’
Outra ameaça pouco divulgada são os chuveirinhos. Eles geralmente são vinculados às barraquinhas e quiosques — e o que deveria ser uma refrescante ducha pode se tornar um banho de urina.
 
— Fizemos um levantamento em fevereiro do ano passado em mais de vinte chuveirinhos no Rio e vimos um nível muito grande de fosfato, que é um elemento da urina. O que acontece é que as pessoas urinam ao se banharem no chuveiro, e a urina desce pela areia até chegar à bomba que leva aquela água contaminada para ser reutilizada na ducha — afirma o químico e coordenador de pesquisa José Markus Godoy, do Centro de Tecnologia Cientifica da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio).
 
O problema da contaminação não está no contato com a pele. Segundo o químico, a ingestão da água do banho é que pode causar doenças de todo tipo.
 
— Não existe risco para a pele, o problema é no caso de ingestão. Sem querer, o banhista pode engolir água enquanto usa o chuveirinho.
 
Godoy afirma que a melhor alternativa é tomar banho em um dos postos do Corpo de Bombeiros, onde a água é, geralmente, da companhia de abastecimento local. Caso não haja um posto como este, a indicação é ir a um chuveirinho cuja bomba esteja distante do local de banho.
 
— Quanto mais longe ficar a bomba, menos chance há de a urina ser canalizada para lá. Não dá para calcular os riscos, porque qualquer doença transmissível pode ser passada através da urina para a água utilizada pelo banhista — afirma Godoy.
 
Atenção aos comes e bebes
As ameaças também aparecem nas comidas e bebidas vendidas na praia. O mate vendido em galão é uma das principais atrações do verão, mas esconde vários riscos.
 
— A grande questão é como ele está conservado. Por ser comercializado informalmente, não há controle. Não sabemos como o galão é limpo, qual a composição da bebida e que tipo de água é usada — afirma Barbosa, que lembra denúncias já feitas sobre erros na produção do líquido. — Já houve registro em reportagens de vendedor utilizando água da bica, não tratada, para fazer o mate.
 
Esta água não serve para o consumo e pode causar diferentes tipos de doenças, conforme as bactérias que estiverem presentes na bebida — analisa Barbosa.
 
O sanduíche natural, o queijo coalho e outros alimentos também merecem cuidados aos serem consumidos pelos frequentadores.
 
— É a mesma lógica: não sabemos como foi feita a maionese, como foi conservado o queijo coalho ou a procedência do camarão. Desta maneira, todo cuidado é imprescindível, pois diversas doenças podem ser desenvolvidas a partir da ingestão destes alimentos.
 
Como alternativa, o pesquisador afirma que a melhor opção é levar os alimentos feitos de casa, preparados de forma correta e armazenados de maneira que não estraguem. Mas mesmo o consumo destes não pode ser feito em data diferente daquela em que foram produzidos, para evitar a proliferação de fungos e outras mazelas.
 
O Globo

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