A depressão foi tema central do programa Canal Livre, da Band, no último domingo. O professor titular da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e presidente diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Wagner Farid Gattaz, acredita que há uma discriminação da doença nas políticas públicas de saúde.
“Por muito tempo, a psiquiatria foi colocada em um patamar inferior ao resto da medicina, refletindo a diminuição de valor que se dá às doenças neuropsiquiátricas. Um exemplo é que ainda hoje muitas operadoras de seguro de saúde não cobrem o tratamento psiquiátrico, como se fosse um luxo”, disse.
O descaso é incoerente com a frequência com que a doença se manifesta na população. De acordo com OMS (Organização Mundial de Saúde), quase 500 milhões de pessoas sofrem dos chamados transtornos mentais no planeta. Segundo o professor, “em 25 anos a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, superando as cardíacas”.
Mesmo com todos esses dados, o Dr. Gattaz qualifica o estado atual brasileiro como na “rabeira do progresso científico”. Segundo ele, a reforma no atendimento psiquiátrico que houve no Brasil teve efeitos catastróficos no país, pois fechou hospitais, em vez de melhorá-los. “Com um individuo que quer se suicidar já é difícil lidar tendo ao lado especialistas dentro de um hospital, porque não dizer em um apartamento”.
Sintomas e tratamento da depressão
Os problemas como desemprego ou luto podem desencadear a doença, mas não causar. “A doença depressiva precisa de uma predisposição, talvez genética, talvez hereditária”. Um aspecto crucial é a tentativa de amigos e familiares, bem intencionados, de ajudar no quadro de desânimo da pessoa, dizendo “vá fazer ginástica, vá fazer um esporte”.
“Acontece que quem está com depressão grave não consegue fazer nada. Às vezes isso só reforça o sentimento de insuficiência que tem. O paciente pensa: se todo mundo está dizendo para reagir e eu não consigo, eu sou um fraco, um ingrato. Este sentimento de culpa muitas vezes é a causa principal das tentativas de suicídio”, analisou.
Para o tratamento, o uso de medicamentos que atuam na transmissão de impulsos nervosos no cérebro se mostra o meio mais eficaz, com ótimos resultados, segundo o doutor.
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