Não tem nada a ver com alergia à proteína do leite, porque não há participação do sistema imune nem produção de anticorpos, as imunoglobulinas. A má digestão da lactose é causada pela diminuição na capacidade de hidrolisar a lactose em glicose e galactose no intestino. A enzima responsável por esta reação é a Lactase, que na maioria dos mamíferos, diminui na parede intestinal após o desmame. Nos homens o nível da enzima Lactase se eleva ao nascer, mas aos 5 anos de idade começa a cair. Nenhum animal continua bebendo leite a vida toda, exceto o homem. Todos os leites de mamíferos têm lactose. Em 100 ml de leite materno temos 7 g de lactose, 100 ml de leite de cabra, tem 4,4 g e 100 ml de leite de vaca desnatado tem 4,9 g. Entre os queijos, o cheddar e os de cabras são os que têm a menor quantidade.
Algumas pessoas nascem com deficiência de Lactase, neste caso a deficiência é congênita, primária. Doenças que danificam a parede intestinal como parasitoses, enterites infecciosas, doenças inflamatórias intestinais e antibioticoterapia prolongada podem causar uma deficiência secundária de lactase.
Se a lactose não for devidamente hidrolisada, ela não é absorvida no intestino delgado. No cólon é fermentada pelas bactérias intestinais para formar ácidos graxos de cadeia curta, gás carbônico e hidrogênio. Estes gases causam distensão abdominal, dor e o aumento da acidez no cólon, provoca uma grande secreção de líquidos deixando as fezes amolecidas e diarréicas. As fezes geralmente são volumosas e espumosas e mesmo com o quadro crônico de formação de gases, a pessoa não para de consumir laticínios. Em geral o que predomina é o quadro diarréico, mas a produção de gás metano pode diminuir a motilidade intestinal e neste caso em vez de diarréia temos prisão de ventre.
Com o tempo as queixas mudam. As pessoas intolerantes à lactose podem desenvolver alergia à proteína do leite, porque o epitélio intestinal está sendo constantemente agredido pelo excesso de fermentação. Os sintomas variam desde uma simples dor de cabeça, dores articulares, cansaço, a déficit de concentração e vertigens. É muito difícil associar estes sintomas a um simples alimento, principalmente quando se trata do alimento que a pessoa costuma consumir com muita freqüência.
Neste caso é importante fazer um histórico alimentar, excluir totalmente os laticínios da dieta e lembrar que em muitos alimentos o leite pode estar embutido. A maioria das pessoas intolerantes, após uma dieta de exclusão, consegue tolerar 1 copo de leite por dia ( 12 g de lactose), mas a reintrodução tem que ser gradual e fracionada ao longo do dia. Já existe no mercado leite com baixo teor de lactose, mas não adiante beber este leite e continuar comendo queijos, pizzas, pão de queijo no lanche, chocolate e sorvetes à base de leite!
Nenhum comentário:
Postar um comentário