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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Adolescentes têm alto desempenho em técnicas de ressuscitação

Projeto em Minas Gerais ensina como fazer massagem cardíaca

Sem demonstrar o menor sinal de ansiedade, a estudante agachou, entrelaçou os dedos e esticou os braços sobre o peito da vítima. Concentrada, em silêncio absoluto, ela ouviu com atenção as informações técnicas e iniciou a massagem cardíaca. No final, o sorriso da vitória. Nesta semana, a aluna Fernanda Cristina Costa, de 17 anos, e outros cinco colegas do Colégio Tiradentes, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, relembraram o curso de ressuscitação cardiopulmonar feito nas dependências da escola.

Como as paradas cardíacas não escolhem hora, e na maioria das vezes acontecem dentro de casa ou em lugares públicos, o cardiologista Yorghos Lage Michalaros desenvolveu um projeto em escolas públicas da capital mineira e região metropolitana para ensinar, na prática, como proceder em casos de enfartes, derrames e outras complicações que levam à morte súbita.

O especialista, que é pesquisador da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), provou em sua dissertação de mestrado que adolescentes apresentam alto desempenho no domínio de técnicas de ressuscitação.

A pesquisa avaliou um grupo de 215 estudantes, com idades a partir de 11 anos, selecionados em três escolas públicas da região metropolitana. Além da massagem cardíaca, os alunos aprenderam a usar o desfibrilador. Em BH, uma lei municipal obriga a rodoviária, shoppings e outros locais que comportem mais de mil indivíduos a ter o aparelho.

Os estudantes submetidos à pesquisa tiveram aulas com duração de até duas horas na própria instituição. A média de desempenho dos alunos chegou a 80%. Com base nesse resultado, Yorghos Michalaros defende que as escolas passem a ensinar essas técnicas na grade curricular.

Segundo ele, a atuação de leigos no socorro de paradas cardiorrespiratórias é essencial para melhorar as taxas de sobrevivência em todo o mundo.

– A proposta é construir uma corrente para salvar vidas. Os adolescentes aprendem técnicas básicas para serem feitas até a chegada de uma ambulância.

O cardiologista reforça que o número de pessoas que conhecem esses métodos ainda é baixo e, para aumentar, é preciso investir nos jovens.

Pelo visto, o aprendizado funciona. Logo após a aula, o aluno Pedro Henrique da Silva Campos, de 16 anos, tinha todos os conhecimentos na ponta da língua.

– Com o que aprendemos, podemos salvar a vida de muitas pessoas.

Para ele, o ensino deveria ser estendido para outras escolas de Minas Gerais.

A aluna do 3° ano do Ensino Médio Franciele Nataly Lopes de Oliveira, de 17 anos, aprova a iniciativa. Ela diz que o resultado positivo da pesquisa representa estímulo para continuar firme nos estudos e passar no vestibular de medicina.

– Sempre gostei desta área. Agora, pretendo fazer faculdade e me especializar em cardiologia.

A proposta do cardiologista também recebeu aval da diretora do Colégio Tiradentes, Mônica Maria Lako. A acadêmica avalia que o curso pode e deve ser incluído como uma atividade extracurricular para estimular o aprendizado dos alunos.

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