Rio de Janeiro – O desafio da luta contra a aids no Rio de Janeiro é diminuir os números de contaminação e mortes depois que se alcançou a estabilidade dessa estatística na última década. A assertiva é assumida tanto pelo governo municipal como pelo estadual.
É que, embora a incidência de casos notificados tenha baixado nos últimos dez anos, cerca de 1,5 mil pessoas descobrem que são portadoras de HIV anualmente no estado, conforme dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2010. O boletim indica que o número de óbitos em território fluminense – média de 9,3 mortes por 100 mil habitantes – é o segundo mais alto do país.
Segundo o superintendente de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, o grande desafio é descentralizar os recursos para fortalecer os municípios. “O governo do estado trabalha de forma complementar [aos municípios] e, há três anos, estamos transferindo recursos diretamente do governo federal e do fundo estadual para os municípios realizarem ações de prevenção. Nos últimos dois anos, já qualificamos mais de dez cidades para receberem esses recursos, principalmente nas regiões norte e noroeste [do estado], onde temos visto aumento do número de casos”.
Chieppe informou que a secretaria está desenvolvendo políticas direcionadas para grupos específicos. “Vemos, por exemplo, a tendência da feminilização da aids. Hoje, em algumas faixas etárias, há mais novos casos de mulheres do que de homens, no estado”.
Outra estratégia da Secretaria de Saúde, no enfrentamento da epidemia do HIV, é facilitar o acesso ao preservativo masculino. “A expectativa é que, nos próximos anos, a gente tenha uma distribuição anual de 60 milhões a 70 milhões de preservativos em unidades de saúde, sem necessidade de cadastramento ou identificação. A pessoa vai no dispenser [depósito] e pega a quantidade que achar necessária para seu uso, do parceiro ou dos familiares”.
Chieppe reconheceu que existe carência de leitos para pacientes com aids no estado e que os serviços ambulatoriais são insuficientes, mas garantiu que o governo tem investido na ampliação de unidades de assistência e no acesso ao diagnóstico precoce para a população.
“A gente tem visto um aumento do número de pessoas em acompanhamento, por conta da queda da mortalidade nos últimos anos e a rede ambulatorial está mais inchada. Os serviços existentes precisam ser otimizados e o serviço ambulatorial ampliado. Investir no combate ao subdiagnóstico e ampliar o acesso aos serviços de saúde. Essas são nossas prioridades para os próximos quatro anos”, afirmou.
A gerente do programa de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde, Lílian Lauria, disse que o investimento em prevenção, por meio da atenção básica na capital, onde vivem cerca de 19 mil pacientes com aids, tem se mostrado uma estratégia eficaz na redução do número de novos infectados pelo HIV.
“O diagnóstico precoce melhora o prognóstico e diminui a infectividade do paciente, e a gente tem ampliado essa e outras ações de prevenção nas clínicas de família e em parcerias com organizações não governamentais. Só assim conseguiremos conter a epidemia, que está estável, mas que precisa diminuir”.
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