Quem tomou a vacina foi 40% menos propensa a ter um parto antes da trigésima sétima semana de gestação, aponta estudo
Tomar a vacina contra a gripe durante a gravidez parece oferecer alguma proteção em relação a partos prematuros e recém-nascidos de baixo peso, é o que mostra um novo estudo americano.
Vacina: pesquisa aponta que imunização contra o influenza protege mãe e bebê
Pesquisadores analisaram dados de aproximadamente 4.200 nascimentos entre junho de 2004 e setembro de 2006 ocorridos no estado da Geórgia. Em torno de 15% das mulheres haviam tomado a vacina da gripe durante a gravidez.
O estudo revelou que as gestantes que tomaram a vacina e deram à luz durante a suposta temporada de gripe no hemisfério norte (que vai de outubro a maio) apresentaram propensão 40% menor de ter um parto prematuro – ou seja, antes da trigésima sétima semana de gestação.
“O efeito é significante durante o período da gripe, aumentando juntamente com a intensidade da circulação da doença”, disse Saad B. Omer, professor da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade Emory que liderou o estudo.
Mulheres que deram à luz em períodos com casos de gripes registrados apresentaram propensão 56% menor de dar à luz prematuramente do que as gestantes que não tomaram a vacina. Durante o pico da temporada da doença, que nos Estados Unidos geralmente ocorre nos meses de janeiro e fevereiro, as gestantes que tomaram a vacina se mostraram 72% menos propensas a ter um parto prematuro.
O estudo, publicado na mais recente edição do periódico PLoS Medicine, também revelou uma pequena associação entre a vacina da gripe e determinada proteção em relação a bebês pequenos para a idade gestacional (condição determinada por meio da medida da circunferência cefálica, peso ou altura ao nascer abaixo de 9%) durante o pico da temporada de gripe, mas não em outros períodos.
Os pesquisadores constataram que bebês nascidos no pico da temporada de gripe cujas mães receberam a vacina da gripe apresentaram propensão 69% menor de serem pequenos para a idade gestacional.
De acordo com os pesquisadores, fora da temporada de gripe não foi encontrada qualquer associação entre partos prematuros e a vacina. O fato já era esperado e apóia a hipótese da equipe de pesquisa, de que os resultados observados são provenientes da vacina e não de outros fatores. Entretanto, eles enfatizam que o estudo encontrou uma “mera” associação entre a vacina e o risco reduzido de prematuridade, não uma relação direta de causa e efeito.
De acordo com dados do artigo, infecções durante a gravidez podem afetar o crescimento e o desenvolvimento do feto. Infecções respiratórias, especialmente a pneumonia, são associadas a peso baixo no nascimento e risco maior de prematuridade.
A gripe (influenza) é especialmente perigosa para gestantes, que correm maiores riscos de sofrer uma doença grave e mesmo de morte.
“São muitas as evidências de que a gripe é uma doença muito mais grave em gestantes do que em mulheres da mesma faixa etária que não estão grávidas”, disse Saad.
No final da gravidez, a mulher tem a capacidade pulmonar reduzida e o coração precisa trabalhar mais para bombear o sangue para o feto, exigindo maior esforço do organismo. A gravidez pode também dificultar o combate à gripe por parte do sistema imunológico.
Pesquisas anteriores conduzidas em Bangladesh revelaram que tomar a vacina da gripe durante a gravidez pode mesmo ajudar o recém-nascido a se proteger contra a doença.
Para Siobhan Dolan, consultor do March of Dimes e professor da Albert Einstein College of Medicine, as evidências são claras de que gestantes deveriam tomar a vacina da gripe durante a temporada da doença.
“Este estudo complementa as evidências de que a vacina da gripe é bastante benéfica, tanto na redução dos riscos de prematuridade como também diminuindo um pouco os riscos de peso baixo no nascimento”, disse Dolan.
A vacina de gripe durante a gravidez é recomendada pelas associações Academia Americana de Pediatria, Colegiado Americano de Ginecologia e Obstetrícia e March of Dimes. Segundo especialistas, apesar da recomendação, apenas em torno de 15% das gestantes dos Estados Unidos tomam a vacina anualmente. Durante a epidemia de H1N1 de 2009-2010 foi registradi um aumento de quase 50% nestes números.
Dolan complementou: “É bom para a gestante, é bom para o bebê. Os dados mostram claramente que este é o procedimento correto”.
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