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sábado, 16 de julho de 2011

Países emergentes querem copiar o SUS, diz ministro da Saúde


BRICs devem mandar representantes para ver funcionalidade do sistema

“O ministro da Saúde da China chegou a falar explicitamente ‘quero um SUS para mim’”. Foi assim que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi recepcionado na última reunião dos BRICs – grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China – que aconteceu nessa semana no país asiático.

Em visita à Rede Record, nesta sexta-feira (15), o ministro contou como foram bem recebidas as propostas brasileiras sobre a formação de um banco de preços de medicamentos entre os países.

Os BRICs somam mais da metade da população mundial. Isto é, juntos, aumentam o poder de barganha para diminuir os preços de remédios e as chances do Brasil de trazer indústrias farmacêuticas desses países ao seu território - o que também reduz custos.

Padilha afirmou ainda, em companhia do presidente da Rede Record, Alexandre Raposo, e do diretor-executivo de Relações Institucionais da Rede Record, Zacarias Pagnanelli, que conta com a imprensa e com a comunidade para diminuir o número das mortes por dengue no país.

- Tem um dado que é fundamental: 80% dos focos dos mosquitos estão na casa das pessoas. Ter a imprensa e as lideranças religiosas para comunicar é decisivo, porque elas podem contribuir em um momento quando as pessoas refletem sobre seus atos e reforçam o papel da comunidade.

Veja abaixo a entrevista exclusiva que o ministro Alexandre Padilha concedeu ao R7:

R7- O Ministério da Saúde teve alguma relação com o convite dado a Hugo Chávez para tratar um câncer no Brasil?
Essa foi uma oferta feita pelo Ministério das Relações Exteriores, pelo ministro Antonio Patriota, que deixou o Brasil à disposição. O Ministério da Saúde sempre vai estar absolutamente à disposição para colaborar com o chefe de Estado de qualquer outro país que tem relações com o Brasil.

R7- Ele não seria o primeiro chefe de Estado que viria se tratar no Brasil. Isso mostra, de certa forma, a qualidade da saúde brasileira?
O Brasil tem uma característica muito especifica em relação à área pública. O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes, que assumiu o desafio de ter um sistema nacional público e gratuito para todos. Nenhum dos países do nosso tamanho tem um sistema que busca ser universal para todos, com todas as dificuldades que nós temos. O Brasil é o país que mais faz transplantes público-gratuitos no mundo, que tem o maior programa de atenção primária, que tem um dos melhores programas nacionais de imunização do mundo. Oitenta e cinco por cento do tratamento do câncer é feito na área pública e isso chama atenção do mundo inteiro. Além disso, temos uma rede privada também de muita competência, inclusive, acho que tem uma área que tem crescido muito nos últimos anos no Brasil: a do turismo médico. Pessoas vêm ao Brasil para fazer cirurgia e tratamento. Estamos trocando cada vez mais experiências com outros países que querem conhecer como que é o sistema nacional de saúde brasileiro.

R7 - Quais países?
Na segunda-feira (11), estive na reunião dos BRICs. Das quatro conversas bilaterais que tive com os ministros da saúde da China, Índia, Rússia e África do Sul, todos pediram para conhecer o sistema público de saúde brasileiro. Inclusive mandar assessores para isso. O ministro da china chegou a falar explicitamente “eu quero um SUS para mim”. Mas nós temos consciência dos desafios que temos pela frente, que precisamos melhorar muito.

R7- Como foi recebida a ideia do banco de preços de medicamentos durante a reunião dos BRICS?
Foi aprovada a proposta brasileira na ideia de termos uma ação. Quando você junta esses países, está falando da metade da população mundial. E são países que têm uma indústria farmacêutica cada vez mais desenvolvida. A Índia é o terceiro maior exportador de medicamentos para o mundo e a China aumenta cada vez mais a produção de equipamentos. A ideia da reunião é ter uma articulação desses países para que a gente possa ampliar o acesso aos medicamentos e reduzir os preços internacionalmente, no sentido dos sistemas nacionais poderem comprar cada vez mais. Se conseguirmos fechar um banco de preços do BRICs, certamente teremos condições de negociar com preços ainda mais baixos.

R7- Algum acordo multilateral chegou a ser fechado entre os BRICs?
Uma declaração da ideia de uma rede de cooperação entre esses países foi fechada e também alguns acordos binacionais. Entre Brasil e China, por exemplo, fechamos um a relação entre as duas agências sanitárias, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a agência deles, para fecharem anos comuns de inspeção de fábricas e registros de medicamentos. Nós queremos trazer a indústria indiana para produzir aqui no Brasil.

R7- A indústria indiana produziria algum medicamento específico no país?
Sim. Antirretrovirais (remédios para controle do vírus HIV), medicamentos contra o câncer e contra doenças anti-inflamatórias através das parceiras público-privadas.

R7- Foi divulgada recentemente a produção nacional de mais antirretrovirais. Com essa parceira, outros entrarão na lista?
Queremos trazer outros. Hoje o Brasil produz metade dos antirretrovirais que são utilizados. São dez dos 20 disponíveis. Nós podemos aumentar com o acordo, mas nada foi fechado ainda.

R7- Com a testagem de três vacinas contra a dengue sendo realizadas no Brasil, dá para dizer que o país será o primeiro no mundo a ter as doses disponíveis?
Não. São três grupos que nós apoiamos e dois deles estão sendo testados em outros países. Mas que o Brasil participa fortemente em todo o desenvolvimento da vacina da dengue, você pode dizer. E como hoje nós queremos produzir vacina no Brasil para conquistar o mercado global também, certamente vamos participar não só do desenvolvimento, mas da produção das vacinas para dengue no futuro.

R7-Há alguma previsão de quando isso acontecerá?
Não tem um prazo ainda. A situação é de estudos. Alguns estabelecem de quatro a cinco anos, mas como eu conheço bem de vacinas, eu não estabeleço esse prazo.

R7- Apesar de o número de casos e óbitos por dengue ter caído neste ano no país, o Rio, por exemplo, ainda sobre uma epidemia. Enquanto a vacina não vem, haverá ações mais localizadas?
Foram várias as ações no primeiro semestre que fez com que a gente atingisse o resultado de redução de 45% dos óbitos. Mas, sobretudo, o objetivo é agir no segundo semestre, que é um período que não há grande transmissão. Um dos motivos que vim aqui na Rede Record, que tem sido uma grande parceira em informação e serviço, é para a gente agir e reforçar a mobilização nesse período. Tem um dado que é fundamental: 80% dos focos dos mosquitos estão na casa das pessoas. Hoje, ter a capacidade de comunicar com a pessoa dentro da casa dela, com a imprensa, a TV e as lideranças religiosas, é decisivo, porque elas podem contribuir num momento quando as pessoas refletem sobre seus atos, reforçam o papel da comunidade.

R7- Então, o principal objetivo do ministério nesse segundo semestre são as ações contra a dengue ou há um desafio maior?
São vários. Nós temos uma obsessão única que é o primeiro atendimento. Nós estamos fazendo um grande esforço para buscar melhorar o primeiro atendimento do usuário do SUS (Sistema Único de Saúde), seja no centro de saúde perto de onde ele mora, seja na urgência-emergência. Mas temos hoje um grande problema contemporâneo que é tema do álcool e das drogas.

R7- Isso inclui o crack?
Sim, é a nossa grande prioridade. A ideia é de que você tem que ter serviços de saúde diferentes para situações diferentes do abuso de drogas. A ideia de que um serviço único, seja hospital, só comunidade terapêutica ou só serviço ambulatorial, resolve, é fadado ao fracasso. Vão ter momentos que ela vai ter que estar no hospital, em uma comunidade terapêutica, em uma unidade de acolhimento, como se estivesse internada, mas fora do hospital. Tem que ter consultório na rua, que estamos montando e que vão abordar onde as pessoas estão.

Fonte R7

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