Os objetos usados pelas esteticistas são potenciais fontes de contágio da hepatite B ou C, alerta a associação de apoio a doentes hepáticos, que apela às pessoas para que usem o seu próprio material para evitar transmissões.
Em declarações à agência Lusa, Emília Rodrigues, da SOS Hepatites, recomenda que se evite a partilha de alicates ou corta unhas e também de outro tipo de objetos, como brincos.
"Nas manicuras aconselho cada pessoa a levar de casa o seu material”, vincou, lembrando que o vírus que transmite a hepatite C resiste 72 horas fora do organismo e só é eliminado a mais de 300 graus centígrados.
“Numa esteticista, os alicates não aguentam 300 graus, perdem o corte”, avisou.
Por isso, todos os profissionais que usem material de corte, como dentistas, tatuadores, cabeleireiros, devem sempre esterilizar todos os objetos.
A hepatite B ou C é uma doença silenciosa, que não dá sintomas, e haverá muitos portugueses doentes sem o saberem.
Atualmente, as crianças já são vacinadas à nascença contra a hepatite B, mas a associação reconhece que a maioria dos adultos não está imunizada.
“Fazemos o alerta para a vacinação. Se nos vacinarmos todos hoje, dentro de 15/ 20 anos a doença estará erradicada”, apela Emília Rodrigues.
Outro dos apelos da SOS Hepatites, e que marcará o Dia Mundial da Doença, que se assinala na quinta-feira, é para o rastreio. Basta uma visita ao médico de família e uma análise de sangue.
“É uma doença gravíssima. Somos cinco vezes mais do que os portadores de VIH e morremos cinco vezes mais. Vamos evitar chegar lá. A doença existe, está em Portugal. Segundo a Organização Mundial da Saúde há cerca de 300 mil pessoas que são portadoras, nós precisamos de saber quem são”, afirma Emília Rodrigues.
Só no ano passado, a SOS Hepatites registou 40 mortes na sequência de cirrose e cancro provocados pelos vírus.
A Associação está também a lançar uma petição nacional, que pretende entregar no Parlamento, para criar legislação que isente os portadores de hepatite B do pagamento dos tratamentos, à semelhança do que já acontece para os portadores da C.
A criação de um plano nacional das hepatites é outra das pretensões, à semelhança da instituição de testes de rastreio anónimos e gratuitos.
Em Portugal não há dados de prevalência das hepatites, mas com base em projeções da Organização Mundial de Saúde estimam-se 120 mil portadores de hepatite B e 170 mil de hepatite C.
Segundo o site da Associação SOS Hepatites, a hepatite é uma infecção no fígado que pode ser provocada por bactérias, por um dos sete tipos de vírus (A, B, C, D, E e G ) ou pelo consumo de produtos tóxicos como o álcool, medicamentos e algumas plantas.
A gravidade da doença é variável em função do tipo da doença e dos danos já causados ao fígado e o tratamento pode passar por mero repouso ou pode exigir uma terapia mais prolongada e complicada, que nem sempre leva à cura completa.
Fonte Destak
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