O Programa Nacional de Imunização será alterado em 2012. A ideia é concentrar mais vacinas em um mesmo produto para reduzir o número de injeções aplicadas nas crianças.
Uma das vacinas combinadas, batizada de pentabrasil, está em fase de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desenvolvida pela Fiocruz e Butantã, ela protege contra hemófilos, pneumococo, difteria, tétano e coqueluche.
A outra, em fase final de desenvolvimento, é uma associação da tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) com hepatite B, também feita nos laboratórios públicos brasileiros.
A expectativa é incorporar os imunizantes no próximo ano. Eles viriam na mesma época da reintrodução da vacina injetável contra a poliomielite, justamente para neutralizar a chegada de mais um produto que exige para sua aplicação o uso de seringa e agulha. A preocupação em limitar as vacinas injetáveis ocorre por três motivos: simplificar a logística, reduzir ao máximo o número de acidentes e garantir a alta cobertura vacinal.
“O programa nacional traz vacinas contra várias doenças. Muitas vezes, diante do desconforto apresentado pela aplicação de uma delas, pais deixam de dar o imunizante seguinte previsto no esquema, pensando em poupar a criança”, conta Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde. “Mas, muitas vezes, justamente as que não são aplicadas são as que protegem contra as doenças mais graves”, diz.
Barbosa observa que, além de garantir maior cobertura vacinal, quanto mais vacinas combinadas forem ofertadas, menor a infraestrutura exigida. “Quando incorporamos um produto, ele não vem sozinho. É preciso pensar em mais seringas, mais agulhas, uma área maior de refrigeração. É uma operação grande, principalmente quando falamos de todo o País. Se conseguirmos fazer vacinas associadas, melhor”, explica o secretário.
A dificuldade fica estampada na diferença entre as duas campanhas de vacinação. A Sabin, em gotas, é oferecida em cerca de 115 mil postos de vacinação no Brasil. Nas campanhas feitas com imunizantes que precisam ser injetáveis, o número de postos passa para 65 mil.
Estratégia. Justamente por isso, a secretaria comandada por Barbosa está estudando qual será a melhor estratégia para a mudança na vacina contra pólio. A troca, que já ocorreu em outros países, é recomendada pelo fato de a vacina injetável ser mais segura: ela é produzida com vírus morto. A Sabin, por sua vez, é feita com vírus atenuado – o que traz um risco, embora muito raro, de a criança desenvolver a doença, chamada pólio vacinal.
“Problemas como esses são raríssimos. O risco de criança ficar sem vacina é incomparavelmente maior do que ela for imunizada com a Sabin”, ressaltou.
Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou 46 casos confirmados de pólio vacinal – um deles revelado na semana passada. A vítima é uma criança de 1 ano e 4 meses, de Pouso Alegre (MG).
O número de pólio vacinal é considerado extremamente baixo diante dos 450 milhões de doses da vacina aplicadas. “Ela (a Sabin) é uma ferramenta muito importante. Não há dúvida de que a doença somente foi erradicada depois da adoção da Sabin”, lembrou Barbosa.
Por isso, o governo não pensa agora em abandonar a vacina em gotas. A ideia, de acordo com Barbosa, é fazer um esquema combinado. As primeiras duas doses seriam feitas com o imunizante injetável e as demais, com a Sabin.
Fonte Estadão
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