Os horários das suas refeições podem regular o funcionamento do seu corpo. Aprenda a usar isso em seu benefício
Uma atitude simples pode auxiliar quem tem dificuldade para dormir ou sofre com o jet lag toda vez que viaja para outro país: mudar o horário da alimentação.
Já é de conhecimento dos cientistas que nosso ritmo diário não é acertado apenas pelo ciclo circadiano – de vigília e sono, de dia e noite. Outros fatores – como o horário das refeições – influenciam consideravelmente no delicado equilíbrio do relógio biológico.
Segundo o cronobiologista John Fontenelle, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), nos estudos com animais que têm a alimentação disponível por apenas algumas horas em momentos fixos do dia, é possível perceber aumento da atividade locomotora, da temperatura e da liberação de hormônios de duas a três horas antes de o alimento ficar disponível. Ou seja, ocorre uma antecipação comportamental e fisiológica em relação ao horário de alimentação.
Em outro estudo com ratos realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, pesquisadores identificaram que, quando os animais ficavam sem alimentos, eles permaneciam acordados até que fossem alimentados. Com base nessas observações, os cientistas descobriram que o modelo poderia ser implementado para evitar os efeitos nocivos do jet lag (desequilíbrio no ritmo biológico que ocorre quando se muda repentinamente de fuso-horário).
De acordo com o coordenador da pesquisa, Clifford Saper, nessa ocasião, para diminuir esses efeitos, bastariam 16 horas sem comida para que o corpo passasse a funcionar sob influência do relógio alimentar em vez do cronológico. A partir do momento em que a alimentação passa a regular o funcionamento do corpo, ele pode adaptar-se mais facilmente a novos horários.
“Quando simulamos mudanças de ritmos em ratos, como se fosse um jet lag, observamos que algumas células se ajustam rapidamente e outras levam mais tempo. Essa falta de sincronia temporária das células dentro do núcleo supraquiasmático é que causaria o mal-estar”, diz Breno Carneiro, pesquisador de ritmos biológicos da UFRN. Para ele, com o relógio alimentar seria possível reajustar o funcionamento das células mais rapidamente.
Para dormir melhor
Quem sofre para dormir pode encontrar a resposta para seus problemas observando a própria alimentação. “É possível perceber isso no nosso cotidiano: quem se alimenta em horários muito diferentes, não tem uma alimentação controlada e preferencialmente diurna, ou seja, se alimenta mais tarde, pode apresentar alteração em vários sinais fisiológicos. Esses sinais podem alterar ritmos comportamentais, como o sono”, explica Carneiro.
Alguns estudos demonstram que a alimentação pode influenciar o núcleo supraquiasmático – aquele que regula o ciclo vigília/sono de cada indivíduo. Portanto, fixar um tempo para comer permite que o corpo mantenha-se regulado, funcionando em um ritmo próprio, fazendo com que o horário de sono também se mantenha estável e não sofra alterações, espantando a insônia, por exemplo.
O pesquisador de ritmos biológicos, Breno Carneiro, explica que ao se alimentar uma pessoa altera diversos sinais fisiológicos, como hormônios e até mesmo o nível de glicose. Essa modificação seria um sinal temporal capaz de sincronizar os relógios do corpo.
A alimentação também pode ser uma forma de minimizar os riscos a que estão expostas as pessoas que trabalham em turnos, cujo horário de trabalho prejudica a saúde a ponto de elevar a probabilidade de desenvolvimento de câncer . Aqueles que durante a semana trabalham à noite e nos finais de semana voltam ao convívio social em horários mais comuns podem se aproveitar do funcionamento do relógio alimentar para se adaptarem com mais facilidade.
Cadê meu relógio?
Ainda não se sabe exatamente a localização do relógio alimentar no corpo. Alguns pesquisadores acreditam que ele seja como o núcleo supraquiasmático, uma única estrutura responsável por esse funcionamento. Outros, no entanto, consideram a possibilidade de ser constituído por várias estruturas cerebrais e periféricas, que ainda não foram possíveis identificar em sua totalidade.
Fonte IG
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