Um novo estudo que analisou o cérebro “viajando” das pessoas que consomem cogumelos mágicos documentou a forma como as drogas psicodélicas agem. As descobertas sugerem que tais drogas poderiam ser usadas para tratar a depressão.
Dois estudos de cientistas britânicos sobre os efeitos da psilocibina, o ingrediente ativo em cogumelos mágicos, mostrou que, ao contrário das expectativas, o composto não aumenta, e sim suprime a atividade em áreas do cérebro que também são amenizadas com outros tratamentos antidepressivos.
Psicodélicos são conhecidos como drogas que expandem a mente, por isso, as pessoas comumente assumem que eles aumentam a atividade do cérebro. “Mas, surpreendentemente, nós descobrimos que a psilocibina na verdade diminui a atividade em áreas que têm as mais densas conexões com outras áreas”, disse David Nutt.
Essas regiões do cérebro com densas conexões desempenham um papel na limitação de nossa experiência do mundo e de como mantê-lo em ordem. “Agora, sabemos que a desativação destas regiões leva a um estado em que o mundo é experimentado como estranho”, explica Nutt.
No primeiro estudo, 30 voluntários receberam psilocibina no sangue durante uma ressonância magnética que mediu as mudanças na sua atividade cerebral. Os pesquisadores observaram diminuição da atividade cerebral nessas regiões com muitas conexões e muitos voluntários descreveram um sentimento de “engrenagens sendo soltas” e senso de autoexistência sendo alterado.
O segundo estudo envolveu 10 voluntários e descobriu que a psilocibina aprimorou suas memórias de lembranças pessoais.
As áreas chave do cérebro identificadas, uma chamada de córtex pré-frontal medial (mPFC) e outra chamada córtex cingulado posterior (PCC), são objeto de debate entre os neurocientistas, mas a PCC é considerada como uma região que desempenha um papel na consciência e autoidentidade.
A mPFC é conhecida por ser hiperativa na depressão, e os pesquisadores dizem que outros tratamentos para a doença, incluindo medicamentos como Prozac bem como terapia cognitiva-comportamental e de estimulação profunda do cérebro também parecem suprimir a atividade mPFC.
A ação de amortecimento da psilocibina sobre esta área pode torná-la útil e potencialmente antidepressiva.
Também descobriu-se que a psilocibina reduz o fluxo sanguíneo no hipotálamo – uma parte do cérebro onde as pessoas que sofrem de uma condição conhecida como “cefaleia em salvas” muitas vezes passam por aumentos no fluxo de sangue. Isso poderia explicar porque alguns pacientes com cefaleia em salvas dizem que seus sintomas melhoram após tomar a droga psicodélica.
Os estudos, que estão entre um punhado de pesquisas sobre substâncias psicodélicas realizadas desde os anos 1960 e 1970, revive um campo promissor em que drogas que alteram a mente podem oferecer melhora do humor sustentável e alívio da ansiedade.
Os resultados sugerem que a psilocibina poderia ser útil na psicoterapia. Porém, Nutt e outros especialistas advertem que as pesquisas são muito preliminares e precisam ser replicadas para saber se o uso da droga é mesmo eficaz e principalmente seguro.
“Certamente não estamos mandando as pessoas comerem cogumelos mágicos”, disse. “Mas essa droga tem um impacto fundamental sobre o cérebro e devemos estudá-la e se possível otimizá-la para ver se há um benefício terapêutico”, explica.[Reuters]
Fonte Hypescience
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