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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Coalizão vai combater doença de Chagas

Médicos e associações de pacientes do mundo se unem para tornar mais rápido o diagnóstico e criar mecanismos para desenvolver novas drogas
 
Pesquisadores, médicos, associações de pacientes e organizações de saúde pública criaram uma coalizão para controlar a doença de Chagas. A ideia é concentrar esforços para tornar mais rápido o diagnóstico, criar mecanismos para avaliar a eficácia do tratamento e desenvolver novas drogas contra a patologia - que afeta cerca de 10 milhões de pessoas. Apenas 0,2% dos infectados está em tratamento.
 
"Engana-se quem pensa que é um problema do passado, um desafio superado. E isso vale também para o Brasil", diz a coordenadora do Médicos Sem Fronteiras no Brasil, Carolina Batista.
 
Embora tenha recebido a certificação de interrupção da transmissão domiciliar da doença em 2006 da Organização Mundial de Saúde, o Brasil tem cerca de 2 milhões de pacientes infectados. A maior parte deles está sem diagnóstico e sem tratamento. Pelas projeções, o País deve fornecer em 2013 terapia para 800 pessoas. "A quantidade é insignificante. É preciso que médicos brasileiros façam o diagnóstico da doença e, sobretudo, que indiquem o tratamento para os pacientes", defende o diretor executivo da Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), Eric Sobbaersts.
 
Até a década passada, o tratamento para doença de Chagas, feito ao longo de dois meses, não era indicado para pacientes crônicos. A orientação mudou, mas raramente é colocada em prática. Mesmo que tardia, afirmam os especialistas, a terapia pode reduzir o risco de o paciente desenvolver problemas cardíacos. "Por desconhecimento ou resistência, essa oportunidade lhes é negada. São os negligenciados dentro do grupo de negligenciados", constata Carolina.
 
Até pouco tempo restrita a países da América Latina, a doença, com a globalização, também passou a ser identificada em países desenvolvidos, como Austrália, Japão, Espanha e Estados Unidos. Nos países endêmicos, o parasita Tripanossoma cruzi, causador da doença, é transmitido sobretudo por insetos conhecidos como barbeiros.
 
A transmissão pode ocorrer também por transfusão de sangue ou transplantes de órgãos. No Brasil, exames de controle são feitos justamente para evitar esse risco. Mas, em países onde a doença é recente, o cuidado não existe. "Já há registros de casos de doença de Chagas provocadas por transplantes e transfusões", diz Carolina. Os Estados Unidos ocupam a sétima posição no ranking da doença.
 
"Novos desafios se somam a problemas que até agora não tinham sido resolvidos. Daí a importância da criação desse grupo", avalia Sobbaersts. Entre as metas estão o desenvolvimento de um método de diagnóstico mais rápido e de ferramentas para avaliar se o paciente foi curado.
 
Atualmente, o tratamento é feito com benzonidazol. O remédio passou a ser produzido no Brasil pelo Laboratório Federal de Pernambuco. Falhas de abastecimento foram registradas em 2011, "O problema foi resolvido e a produção, normalizada. Atualmente, o País tem capacidade para atender toda a demanda", afirma o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.
 
Fonte Estadão

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