Rio de Janeiro- Após uma vistoria na manhã de ontem (6) no Hospital Geral de
Bonsucesso, o defensor público federal Daniel Macedo informou que pode recorrer
a ações civis públicas para reativar o setor de transplantes renais e hepáticos
(de fígado) da unidade, que está paralisado desde dezembro por causa da falta de
profissionais.
De acordo com o defensor, a estrutura física e os materiais usados no
departamento transplantes estão em excelente estado, e o único impedimento para
fazer as cirurgias é a saída dos profissionais que eram subvalorizados. "As
instalações estão excelentes. São de primeiro mundo. Insumos, medicamentos e
estrutura não são desculpa para paralisar. Estamos tentando administrativamente
a contratação de médicos para que se dê continuidade a essas cirurgias. Não
sendo possível, a gente pretende ajuizar ainda este mês ou no próximo uma outra
ação civil pública para impor ao Ministério da Saúde a contratação dos
profissionais".
Segundo Daniel Macedo, são necessários 14 médicos de diversas especialidades
para compor a equipe de transplantes, que perdeu dois médicos recentemente após
atraso nos pagamentos e conta atualmente apenas com o chefe do setor. Além da
contratação de médicos, a ação civil pública também irá pedir que os pacientes
que tiveram os transplantes cancelados sejam submetidos à cirurgia em hospitais
privados e os custos devem ser arcados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre 900 pessoas e 1 mil pessoas estão na fila de espera por um rim no Rio
de Janeiro, de acordo com o defensor. O Hospital Geral de Bonsucesso faz esse
tipo de procedimento há 31 anos e responde por 70% dos transplantes renais do
estado, acrescentou. No ano passado, 250 transplantes de rim foram feitos no
hospital, que é a única unidade pública de saúde do estado que faz transplantes
hepáticos em crianças e adultos e também a única que faz transplantes renais em
crianças. Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde
ainda não se manifestou sobre a suspensão dos transplantes no hospital, que é
federal.
Enquanto o defensor vistoriava o hospital - acompanhado do diretor jurídico
do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Júlio Noronha -, a Associação de
Movimentos dos Renais Vivos e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro
protestava do lado de fora. Luiz Fernando Santos, de 51 anos, que participava do
protesto, também aguardava uma reunião com uma assistente social marcada para
hoje. Ele ia receber um rim da irmã no dia 28 de janeiro, mas só soube da
suspensão das cirurgia na hora de se internar.
"Eu tenho um doador, mas não tenho uma solução. Ainda não sei quando vai ser
a cirurgia", lamentou o aposentado, que aguarda há dois anos pela cirurgia e
começou a se preparar para o transplante em março do ano passado.
Jupira de Jesus, de 54 anos, teve um rim transplantado no hospital há quatro
meses, e concorda com o defensor público sobre a qualidade das instalações da
unidade. "Não tenho do que reclamar. Foi tratamento VIP", conta a
moradora de Nilópolis, que fez hemodiálise por cinco anos.
Fonte Agência Brasil
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