Qual a diferença entre os refrigerantes light, diet e "zero"? Eles também engordam? Prejudicam a saúde? Qual devo escolher quando estou querendo perder peso? E se sou diabético, qual devo consumir? O que devo observar o rótulo dessas bebidas?
São tantas as variações e os mitos sobre os refrigerantes que lotam as prateleiras dos supermercados que fica difícil saber qual deles é o melhor (ou menos prejudicial) para a manter a saúde e controlar o peso. Nem sempre as nomenclaturas são claras e muitas representam mais uma estratégia comercial do que uma diferença de fato.
Mas, apesar das diversas opções disponíveis, não há motivo para confusão: refrigerantes light, diet ou zero são praticamente iguais em sua composição. Todos têm pouca ou nenhuma caloria e são isentos de açúcar, ou seja, são diet.
— A única diferença está no tipo e na quantidade de adoçantes não calóricos utilizados (sacarina, acessulfame-K, ciclamato ou aspartame), geralmente sendo usada a associação de dois ou mais em cada bebida — explica a endocrinologista e metabologista do Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica da PUCRS, Andresa Colombo Balestro.
Apesar de receber nomes diferentes, os refrigerantes disponíveis no mercado brasileiro podem ser divididos em dois grupos: os convencionais, que contêm calorias e açúcar, e os diets, que não contêm açúcar nem calorias.
E qual é o mais indicado para mim?
Escolher o refrigerante mais adequado é uma questão que depende de diversos fatores e não é consenso entre os especialistas. Para os diabéticos, não há dúvida: a opção deve ser o diet, já que essas pessoas precisam controlar a sua glicemia. A polêmica começa quando falamos daqueles que querem controlar o peso: se os refrigerantes diet e/ou light não têm calorias, emagrecem mais, certo? Nem sempre.
— Há estudos que mostram que os refrigerantes diet e light podem não ser os mais indicados para a perda de peso. Às vezes, mesmo usando o adoçante, pode acontecer ganho de peso igual — pondera a nutricionista Fernanda de Matos Feijó.
Um desses estudos foi desenvolvido pela própria Fernanda. Ela pesquisou o efeito do açúcar e dos adoçantes artificiais em ratos, e constatou que aqueles que receberam adoçante ganharam mais peso, pois não tinham a sensação de saciedade e acabavam comendo mais depois.
— Mas isso não é conclusivo. O organismo dos animais funciona de forma diferente do ser humano e ainda não descobrimos porque esses ratos que receberam adoçante comeram mais. Muitos fatores podem ter levado a isso, não necessariamente só o adoçante.
Se, por um lado, o estudo de Fernanda apontou que os adoçantes podem levar ao aumento de peso, uma pesquisa publicada recentemente na revista The New England Journal of Medicine demonstrou que o consumo frequente de bebidas adoçadas com açúcares simples, como os refrigerantes convencionais, aumenta a predisposição genética para a obesidade. Os pesquisadores avaliaram mais de 30 mil pessoas com essa predisposição e descobriram que aqueles que ingeriram uma ou mais bebidas adoçadas por dia apresentaram 78% mais risco de ficarem obesos.
Portanto, a escolha do refrigerante certo para quem quer emagrecer é algo que pode variar. O consumo de cada um tem seus prós e contras e todos devem ser levados em consideração.
No caso dos refrigerantes diet e/ou light, há a vantagem da redução de calorias, o que pode ajudar a emagrecer, equilibrando os excessos em uma refeição. Mas é importante lembrar que os estudos ainda não conseguiram decifrar o papel destas bebidas no peso corporal e que muitas pesquisas sugerem que seu consumo seja moderado.
Já o refrigerante comum, apesar de ter mais calorias, é feito com açúcar natural, o que é mais saudável. Se o paciente não tem risco cardiovascular, diabetes e nem sobrepeso, pode ser a melhor opção.
Apesar das divergências, há um ponto que é consenso entre os especialistas: se você quer emagrecer, é melhor não consumir refrigerante de nenhum tipo, ou, pelo menos, beber com moderação. A tão falada e indicada reeducação alimentar é sempre o melhor caminho.
— Não adianta ingerir bebidas light e continuar com hábitos alimentares inadequados, isso não é suficiente para amenizar os problemas à mesa. Além disso, preste atenção para não substituir alimentos que trazem vitaminas e minerais ao nosso corpo pelos refrigerantes, pois eles não trazem benefícios ao organismo —lembra a endocrinologista.
Leia sempre o rótulo
A nomenclatura dos produtos pode representar verdadeiras armadilhas para os consumidores, especialmente aqueles que querem emagrecer e optam por alimentos diet ou light.
— O chocolate diet, por exemplo, costuma ter mais calorias que o convencional. O açúcar é trocado pelo adoçante e, para manter textura e palatabilidade, a gordura é acrescentada, tornando-o mais calórico — explica a endocrinologista.
Para evitar esse tipo de confusão, a saída é ler atentamente os rótulos dos alimentos, que devem informar os nutrientes e as calorias dos produtos.
— E não é só ler, as pessoas têm que realmente se preocupar em entender as informações nutricionais. Muita gente pensa que os produtos diet ou zero açúcar são a solução para o emagrecimento, mas pode ser completamente o contrário — alerta Andresa.
Entenda a diferença entre light, diet e zero
Diet
O que é: produto isento de algum nutriente presente no produto convencional. No caso dos refrigerantes, seria a isenção de açúcares. Tem formulação com modificações especiais para se adequar a diferentes dietas ou indivíduos com alguma patologia.
Light
O que é: produto com redução de, no mínimo, 25% de algum nutriente comparado ao produto convencional. Essa redução pode ser de gordura, calorias, açúcar, entre outros. No caso dos refrigerantes, o açúcar é substituído por adoçante artificial, o que reduz as calorias.
Zero
O que é: termo mais recente adotado pela indústria alimentícia, indica produtos com isenção de algum nutriente e de calorias.
Compare
Normal
Calorias 149 kcal
Açúcar 37 g
Gordura 0 g
Sódio 18 mg
Para quem é indicado: pessoas sem risco cardiovascular, diabetes nem sobrepeso
Light
Calorias* 0 kcal
Açúcar 0 g
Gorduras 0 g
Sódio 49 mg
Para quem é indicado: pessoas que querem diminuir o consumo de açúcar, gordura ou outro nutriente presente na versão original
Zero
Calorias* 0 kcal
Açúcar 0 g
Gordura 0g
Sódio 49 mg
Para quem é indicado: pessoas que querem reduzir a ingestão de algum nutriente presente na versão original. Se for isento de açúcar, pode ser consumido por diabéticos
Diet
Calorias 0 kcal
Açúcar 0 g
Gordura 0 g
Sódio 27 mg
Para quem é indicado: pessoas com diabetes
*as versões de frutas podem ter até 5 kcal
Detalhe ZH
O ciclamato de sódio
Um dos adoçantes mais usados no Brasil para a produção de refrigerantes light/zero, o ciclamato de sódio é permitido também no Canadá e em alguns países da Europa, mas há quatro décadas é proibido nos Estados Unidos, com base em pesquisas que apontavam a substância como cancerígena. A Organização Mundial de Saúde permite o consumo, mas fica quantidades máximas de ingestão diária.
No Brasil, a Anvisa estabelece o consumo diário de 11 mg/kg. Assim, uma criança de 30 quilos poderia consumir, no máximo, 330 mg de ciclamatos por dia e um adulto de 60 quilos, até 660 mg.
Uma garrafa de 600 ml de refrigerante tem cerca de 25 mg da substância, cerca de 4% do limite estabelecido para um adulto de 60 quilos.
Fonte Zero Hora
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