Foto: Salk Institute for Biological Studies Satchin Panda e Amandine Chaix, durante o processo de pesquisa |
Pesquisadores do Salk Institute for Biological Studies, nos EUA, descobriram que o tratamento com radioterapia na parte da noite pode reduzir a perda de cabelo dos pacientes.
O estudo mostrou que o cabelo de ratos tem um relógio circadiano, um ciclo de 24 horas de crescimento, seguido por reparação restauradora. Ratos perderam 85% de seus cabelos se eles receberam radioterapia na parte da manhã, em comparação com uma perda de 17% quando o tratamento ocorreu à noite.
Os resultados forma publicados na revista Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS).
A equipe de pesquisa trabalhou o tempo preciso do relógio circadiano do cabelo e descobriu a biologia por trás do relógio, moléculas que dizem ao cabelo quando crescer e quando reparar danos. Em seguida, testaram o relógio utilizando radioterapia.
"Estes resultados são particularmente interessantes porque apresentam um passo significativo para o desenvolvimento de novos protocolos de terapia de radiação que incluem minimizar os efeitos colaterais negativos sobre os tecidos normais, tais como o cabelo ou medula óssea, mantendo os efeitos desejados nas células cancerosas. Vamos agora aplicar nossas conclusões para projetar novas abordagens baseadas no ritmo circadiano para terapia do câncer", afirma o primeiro autor da pesquisa Maksim Plikus.
Os cientistas não podem dizer que seus resultados irão se traduzir diretamente para a terapia anticâncer humana, porque eles ainda não estudaram essa possibilidade. Mas dizem que está se tornando cada vez mais claro que os órgãos e tecidos corporais têm os seus próprios relógios circadianos que, quando compreendidos, poderiam ser usados para programar terapia medicamentosa para o benefício máximo.
"Existem relógios em todo o corpo, relógios que têm o seu próprio e único ritmo que, como encontramos, têm pouco a ver com o relógio central em nossos cérebros", afirma o co-investigador principal do estudo Satchidananda Panda.
Segundo os pesquisadores, isto sugere que entregar um medicamento a um órgão enquanto ele estiver inativo não é uma boa ideia. "Você poderia causar mais dano ao órgão do que quando ele está acordado e pode reparar e restaurar a si mesmo. Se você sabe quando um órgão se repara, você pode ser capaz de fornecer doses mais potentes da droga ou terapia. Isso pode oferecer um resultado melhor, minimizando os efeitos colaterais", afirma Panda.
A equipe usou abordagens genéticas, genômicas e bioquímicas para identificar genes sob regulação circadiana em diferentes órgãos e entender o mecanismo de tal regulamentação.
Eles encontraram e desmontaram o relógio circadiano do cabelo, ou pelo, dos ratos. "Nós descobrimos que o cabelo em ratos cresce rápido na parte da manhã e diminui durante a noite, envolvendo um relógio muito poderoso", afirmam.
Radioterapia danifica DNA em células que se dividem rapidamente, razão pela qual ela é usada contra o crescimento de células cancerosas. Isso significa que os danos ao DNA das células ciliadas causados pela radioterapia entregue de manhã não é reparado até à noite, conduzindo à perda do cabelo.
Danos causados por radioterapia durante a noite, no entanto, são minimizados porque as células ciliadas, que já estão no processo de reparação de DNA, podem se curar rapidamente.
"Enquanto nós não sabemos ainda se o cabelo humano segue o mesmo relógio que encontramos no cabelo de ratos, é verdade que o cabelo facial em homens cresce durante o dia. Esses relógios locais fazem muito mais coisas do que o relógio central no cérebro, que regula principalmente o sono. Este campo de pesquisa é interessante e pode, um dia, contribuir para a saúde humana", concluem os pesquisadores.
Fonte isaude.net
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