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terça-feira, 25 de junho de 2013

Dieta proposta em best-seller prega dois dias de quase jejum por semana

Coma o que quiser a maior parte do tempo e, ainda assim, perca peso e seja saudável. A promessa está no livro "The Fast Diet": em inglês, quer dizer dieta do jejum e dieta rápida.
 
O regime está sendo alardeado pela imprensa britânica como o mais revolucionário desde Atkins (a dieta da proteína), e o livro, lançado em janeiro, lidera o ranking de best-sellers da versão local do site Amazon. Em setembro, chegará ao Brasil com o nome "A Dieta dos 2 Dias", pela editora Sextante.
 
A proposta é simples: coma quase nada por dois dias na semana --homens devem ingerir 600 calorias, mulheres, 500-- e, nos outros cinco dias, coma livremente.
Editoria de Arte/Folhapress
Capa dieta
 
Os autores, o médico e produtor Michael Mosley e a jornalista Mimi Spencer, contam que, nos "dias de folga", consomem de batata recheada a peixe empanado. Ele emagreceu 8,5 kg em três meses; ela, 6 kg em seis meses.
 
Mosley trabalha na rede de TV britânica BBC. Em 2012, foi cobaia em um documentário sobre jejum intermitente. Depois de testar jeitos de jejuar, Mosley criou seu método, chamado de 5 por 2.
 
"As evidências mostram que a dieta intermitente é segura e dá mais benefícios para a saúde que uma dieta-padrão", disse Mosley à Folha.

Segundo o médico, o jejum faz o organismo queimar mais gordura e ter uma melhor resposta à insulina.
 
"O corpo vai precisar liberar menos hormônio para controlar os níveis de açúcar no sangue, o que é bom. Altos níveis de insulina estão associados a diabetes, doenças cardíacas e câncer."
 
A lista de ganhos é defendida com citações de pesquisas científicas feitas em humanos e animais. Mas nenhuma a longo prazo.
 
 
Segundo o cardiologista Bruno Caramelli, do InCor (Instituto do Coração), a ciência está longe de um consenso sobre o jejum.
 
"Pode ser perigoso adotar essa dieta fora de um rigoroso protocolo de pesquisa. É preciso investigar se, com o tempo, não há desnutrição."
 
Mosley nega esse risco porque a restrição é por um período curto."Algumas pessoas reclamam que ficam fracas depois de horas sem comer. Na verdade, o açúcar no sangue cai rapidamente depois da refeição, mas permanece estável durante as 60 horas seguintes. A verdade é que não estamos acostumados a ter um pouco de fome."
 
Segundo ele, algumas pessoas realmente têm dificuldades em fazer a dieta, mas a maioria se adapta.
 
"No começo eu sentia mais fome, mas passava quando eu me distraía", disse à Folha a escritora britânica Kate Harrison, 45, que segue o jejum intermitente há quase um ano e perdeu 12 kg.
 
Harrison é autora de outro livro sobre o método, "The 5:2 Diet", lançado em fevereiro no Reino Unido. "Comecei a ver a fome como algo bom."
 
A dona de casa paulistana Kleidy Thessari, 28, não teve a mesma sorte. Depois de ver uma reportagem sobre a dieta na TV, decidiu tentar. Conseguiu por um mês e perdeu quase 3 kg. "Era difícil. Tentava pensar que no dia seguinte poderia comer mais, mas não compensava."
 
Compulsão
Embora a recomendação de Mosley seja não contar calorias nos dias de folga da dieta, ele diz que exagerar pode colocar tudo a perder.
 
Mas, para o médico Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a compensação acontece. "A pessoa vai comer mais nos outros dias."
 
A variação entre quase jejum e fartura pode desencadear episódios de compulsão alimentar, de acordo com a nutricionista Adriana Kachani, do Instituto de Psiquiatria do HC de São Paulo.
 
"É um comportamento de risco. A pessoa pode não saber que tem transtorno alimentar até fazer essa dieta."
 
A longo prazo, outro efeito visto em ratos de laboratório é o aumento da produção de radicais livres e o desenvolvimento de diabetes por insensibilidade à insulina.
 
"É uma dieta que perturba o controle do metabolismo", diz Bruno Chaussê, biólogo e pesquisador do Instituto de Química da USP.
 
Para Matos, os benefícios não compensam o risco. "O melhor é comer menos sempre e de três em três horas."

Fonte Folhaonline

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