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terça-feira, 25 de junho de 2013

"Fazer jejum intermitente é seguro e mais eficaz que dieta tradicional", diz médico

Michael Mosley, autor do livro "The Fast Diet", comendo um café da manhã de 300 calorias
Divulgação
Michael Mosley, autor do livro "The Fast Diet", comendo
 um café da manhã de 300 calorias
Depois de servir de cobaia para um documentário de TV sobre dietas de jejum intermitente, o médico e produtor inglês Michael Mosley, 56, resolveu contar, em um livro, como conseguiu perder 8,5 kg em três meses fazendo dieta só duas vezes por semana.
 
 
"The Fast Diet" (a dieta do jejum ou a dieta rápida) logo virou um best-seller no Reino Unido. Em setembro, o livro será lançado no Brasil com o título "A Dieta dos 2 Dias", pela editora Sextante.
 
Em entrevista à Folha, Mosley diz que a dieta é fácil de ser seguida, porque é preciso contar calorias apenas dois dias na semana (homens devem comer 600 calorias, mulheres 500). Mas ressalta que os resultados só aparecem se a pessoa não exagerar nos outros cinco dias. "É permitido comer o que quiser, mas não o quanto quiser."
 
A dieta do jejum intermitente traz mais benefícios do que uma dieta convencional?
A evidência científica que temos hoje mostra que fazer dois dias de restrição calórica por semana é seguro e dá mais benefícios para a saúde do que uma dieta padrão.
 
Quem faz jejum intermitente perdem mais gordura e tem uma melhor resposta à insulina comparado com quem faz uma restrição calórica tradicional. Isso significa que o corpo precisa produzir menos insulina para controlar um aumento súbito de glicemia no sangue. É uma coisa boa, porque altos níveis de insulina estão associados com diabetes, doenças cardíacas, alguns tipos de câncer e demência.
 
Mas são necessárias pesquisas de longo prazo para termos certeza dos benefícios --o estudo mais longo com humanos durou cerca de um ano.
 
Você serviu de cobaia para um documentário sobre dietas de jejum intermitente. Como ficou conhecendo o método?
Conheci há 15 meses. Naquela época, fiz um exame de sangue e descobri que meu colesterol estava muito alto e eu também estava com diabetes. Foi um choque, meu pai tinha morrido de diabetes. Em vez de tomar medicação, decidi descobrir se era possível reverter a situação com uma mudança de estilo de vida. Fiz algumas pesquisas e me deparei com estudos no Reino Unido e nos EUA sobre o jejum intermitente. Pensei que esse seria um tema interessante para um documentário de ciência da BBC [rede de TV britânica].
 
No documentário, "Eat, Fast, Live Longer" [coma, jejue e viva mais] eu tentei várias formas de jejum intermitente, entre elas o ADF [sigla para alternative day fasting, em que a pessoa restringe as calorias um dia sim, outro não]. No final, eu inventei a minha própria versão. Com a dieta, perdi mais de 9 kg de gordura e meu exame de sangue voltou ao normal.
 
Muitos médicos e nutricionistas recomendam comer de três em três horas. Mas, no seu livro, você diz que quanto maior o período de jejum, melhor. Comer muitas vezes faz mal?
A ideia de comer de três em três horas baseia-se na crença de que isso vai aumentar a sua taxa metabólica, o que não é verdade. Outra esperança é que as pessoas que fracionam a alimentação comam menos besteira, o que também não é verdade. Nosso corpo precisa de períodos de tempo em que a gente fique sem comer, para fazer uma "faxina" e se livrar das células velhas ou danificadas.
 
Mas em jejum o metabolismo não cai?
Estudos mostram que a primeira resposta do organismo à restrição de calorias é acelerar a taxa metabólica. Só depois de vários dias ou semanas sem comida que o corpo tenta conservar energia, e a taxa metabólica cai. De uma perspectiva evolucionista, isso faz sentido. Quando você ficar sem comida por dez horas e ficar com fome, precisa se levantar e se ocupar com outra coisa.
 
Não há risco de ter hipoglicemia ou de a pressão arterial cair?
Algumas pessoas reclamam que ficam fracas ou acham que vão desmaiar depois de horas sem comer. Na verdade, o açúcar no sangue cai rapidamente depois de uma refeição e, então, se você ficar sem comer, os níveis permanecem estáveis durante pelo menos as próximas 60 horas. A principal razão de as pessoas dizerem que estão fracas é porque elas não estão acostumadas a ter um pouco de fome. A maioria das pessoas que tentam jejum intermitente logo descobrem que se adaptam. Mas outras pessoas nunca vão se adaptar.
 
É preciso ressaltar que na dieta 5 por 2 você nunca vai mais de 12 horas sem comer. "Jejum" não significa, nesse contexto, ficar sem todos os alimentos, mas, sim, cortar significativamente as calorias por 24 horas.
 
No livro, você diz que é permitido comer o que quiser a maior parte do tempo. Mesmo perdendo peso, se a pessoa comer coisas não saudáveis, isso não seria prejudicial?
Não, não digo que é permitido comer o que quiser. Eu digo "coma normalmente", em outras palavras, com alguma restrição. Eu recomendo que a pessoa tente incluir proteína e vegetais em seus dias de folga da dieta.
 
Mas na capa do livro e no capítulo de perguntas e respostas está escrito que é permitido comer o que a pessoa gosta nos dias de folga. Há também a recomendação de não contar calorias nesses dias...
Nós trocamos. No começo, realmente estava escrito "Coma o que você gosta a maior parte do tempo", mas isso queria dizer que a pessoa pode comer alimentos de que gosta, mas não pode comer o quanto ela quiser. Concordamos que a frase dava margem à confusão e trocamos. Agora está escrito "Coma bem cinco dias na semana".
 
Então mesmo sem contar calorias a pessoa tem que se controlar?
Sim, ela não pode exagerar, senão não vai perder peso ou ter os benefícios.
 
Fazer exercício em jejum traz mais benefícios do que se exercitar depois de uma refeição?
Há evidências, que cito no meu livro, que se exercitar em jejum (por exemplo, antes do café da manhã) queima mais gordura do que se exercitar após uma refeição. A atividade física ajuda a queimar mais gordura e a perder menos massa muscular.
 
Você ainda segue a dieta hoje?
Sim, há um ano. Agora, acho que consigo manter o peso cortando as calorias um dia por semana.
 
A dieta 5:2 não estimularia comportamentos compulsivos em relação à comida mesmo entre pessoas que não têm transtorno alimentar?
Os cientistas que estudam o jejum intermitente dizem que não há provas de que ele provoca transtornos alimentares. Muitos grupos religiosos, incluindo cristãos, hindus, muçulmanos e judeus praticam jejum e não há nenhuma evidência de que essas pessoas são propensas a distúrbios alimentares.
 
Fonte Folhaonline

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