Foto cedida por Centro de cirurgia plástica de Santa Barbara, Dr. David L. Buchanan Lipoaspiração "antes e depois" |
Como tantos artistas e celebridades conseguem se manter tão magros? Sem dúvida alguma, vários deles fazem da maneira tradicional, aderindo a dietas rigorosas e programas de exercício. Mas, pelo menos alguns, precisaram deixar suas coxas mais finas, abdome e quadris mais definidos em clínicas de cirurgia plástica, mesmo que sejam relutantes em admiti-lo.
As celebridades não são as únicas pessoas que desejam um corpo mais enxuto através de cirurgia. Estima-se que os médicos fazem cerca de 500 mil cirurgias de lipoaspiração por ano nos Estados Unidos, fazendo dela, o tipo de cirurgia plástica mais popular, de acordo com a Sociedade americana de cirurgia dermatológica. No Brasil são feitas cerca de 90 mil lipoaspirações por ano, segundo pesquisa feita entre membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica entre setembro de 2007 e agosto de 2008.
Neste artigo, veremos como é feita a lipoaspiração, aprenderemos como é o procedimento e descobriremos os riscos envolvidos no processo.
A maioria das pessoas sabe que a lipoaspiração envolve a remoção de gordura de certas partes do corpo para criar uma aparência melhor. Mas como exatamente isso funciona?
Em primeiro lugar, o que é gordura? É o tecido (também conhecido como tecido adiposo) formado de células que armazenam energia e isolam (em termos de temperatura) o corpo. A gordura é normalmente subcutânea - localizada debaixo da pele. O local onde a gordura é armazenada ao redor do corpo varia de acordo com a idade da pessoa. Em homens, a gordura tende a se concentrar no peito, abdome e nas nádegas. Nas mulheres, normalmente se acumulam nos seios, quadris, cintura e nádegas.
Há duas camadas de gordura subcutânea: a profunda e a superficial. Durante o processo de lipoaspiração (também conhecido como lipoescultura ou lipo-sucção), o médico faz uma pequena incisão e insere um tubo de aço inox, (chamado de cânula) dentro da camada de gordura profunda.
Trabalhar nesta camada é mais seguro que trabalhar na camada superficial, pois há menos risco de machucar a pele. Em procedimentos típicos, o médico empurra e puxa o tubo através da camada de gordura (uma nova técnica, a lipoaspiração automatizada, faz estes movimentos sozinha). Conforme a cânula se movimenta, ela quebra as células de gordura, e uma bomba de vácuo ou uma seringa removem a gordura usando sucção.
A lipoaspiração é normalmente utilizada para fins cosméticos, para dar um visual mais liso e esbelto em regiões como as coxas, o abdômen, as nádegas, a cintura, a panturrilha, os braços ou nas costas - regiões que não responderam bem a dietas e exercícios. Ela também pode ser utilizada para redução do tamanho de peitos masculinos ou para remover acúmulo de gordura localizados e lipomas. A gordura pode ser removida de mais de uma parte do corpo durante um único procedimento cirúrgico.
É importante perceber que a lipoaspiração não é uma técnica de perda de peso; é apenas uma técnica de remodelamento. Apenas dietas e exercícios podem resultar em uma perda de peso real.
Cuidados ao escolher o médico
A lipoaspiração não é uma especialidade médica. Isso significa que qualquer médico pode fazer esse tipo de cirurgia, mas cirurgiões plásticos e dermatologistas são os especialistas com formação mais indicada. A lei não determina, mas o Código de Ética Médica exige que os profissionais só atuem nas áreas que dominam. Submeter-se a uma lipoaspiração feita por um médico sem o treinamento adequado pode dar uma grande dor de cabeça - ou algo bem pior, como deformações e até a morte. Segundo o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, lipoaspirações lideram a lista de processos ético-profissionais relacionados a cirurgia plástica e procedimentos estéticos. São 70 processos (33,5%) do total, no período de janeiro de 2001 a julho de 2008. Desconfie de promessas de resultados maravilhosos - provavelmente são exagero. Prova disso é o grande número de reclamações feitas por propaganda enganosa. Atenção especial deve ser tomada em relação a anúncios feitos por supostos especialistas em medicina estética. Segundo o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, não existe uma especialidade médica chamada medicina estética.. |
Quem são os melhores candidatos para lipoaspiração?
Ter excesso de gordura não é necessariamente um fator que o torne um bom candidato para uma lipoaspiração. De fato, o oposto é verdadeiro. Pessoas com peso normal e geralmente em boa forma e que quase nunca tiveram problema algum, são os melhores candidatos, pois sua pele é firme e elástica.
Se a pele não for elástica o suficiente, ela continuará caída após o procedimento. Por este motivo, em pacientes com mais idade o resultado não é o mesmo que em pacientes mais novos. Você precisará estar em boa forma física para que a cirurgia corra bem.
Qualquer pessoa que tenha diabetes mellitus, problema cardíaco, má circulação, infecção, histórico de hemorragia ou distúrbio de coagulação,como trombofilia, devem consultar seu clínico geral antes de passarem por um procedimento de lipoaspiração.
A lipoaspiração também não é recomendada para pessoas que estejam tomando qualquer medicamento que interfira na coagulação sangüínea, afinadores de sangue como aspirina, warfarina e heparina.
Cirurgia de lipoaspiração
Devido ao fato de que nem todas as pessoas se beneficiam com o mesmo tipo de cirurgia, e que algumas pessoas não são boas candidatas para este procedimento, qualquer cirurgia de lipoaspiração começa com uma consulta.
O médico irá avaliar sua saúde (tanto física quanto psicológica) e determinar se a elasticidade da sua pele e reservatórios de gordura o tornam um bom candidato. Então, o médico irá ajudá-lo a decidir que tipo de procedimento de lipoaspiração é o mais apropriado para o seu caso.
A lipoaspiração pode ser feita em uma clínica cirúrgica, um centro médico ou em um hospital. Procedimentos de lipoaspiração menores são normalmente feitos e o paciente pode ir para casa no mesmo dia, o que tende a ser menos custoso.
Antes do procedimento, o médico marca a pele para indicar o local onde a gordura será removida.
Assim como na maior parte das cirurgias, a lipoaspiração necessita de uma anestesia. Mas o tipo de anestesia depende da quantidade de gordura a ser retirada. Para áreas menores, os médicos usam anestesia local (que amortece a área ao redor).
Normalmente, o médico administra um sedativo, via oral ou injetável, junto com a anestesia local para acalmar o paciente. De forma alternativa, o médico aplica no paciente uma epidural, que é intravenosa e bloqueia a sensibilidade de uma parte inteira do corpo (da cintura para baixo, por exemplo).
A anestesia geral deve ser usada em hospitais quando é necessária a remoção de uma grande quantidade de gordura, mas não é o recomendado pela Academia Americana de Dermatologia. Na maioria dos procedimentos de lipoaspiração feitos atualmente, os médicos injetam uma anestesia local como parte da mistura de fluido.
Durante a cirurgia, o médico faz uma pequena incisão, ou várias pequenas incisões, e inserem a cânula dentro das camadas de gordura nas regiões determinadas. A cânula se move rapidamente para frente e para trás para retirar as células gordurosas, que são sugadas para fora - normalmente usando um aparelho de vácuo junto à cânula, e armazenado em um frasco. A cânula cria um túnel na camada de gordura e precisa ser desfeito para que cicatrize e crie uma nova forma para o corpo. Por esta razão, o paciente deve usar uma roupa de compressão após a cirurgia. Devido à perda de fluidos durante o procedimento, os pacientes algumas vezes necessitam de aplicação de fluidos intravenosos após a cirurgia.
Técnicas de lipoaspiração
Os médicos utilizam diversos tipos de procedimentos de lipoaspiração. Leia abaixo sobre algumas delas.
Lipoaspiração tumescente
Desenvolvida por cirurgiões plásticos na década de 80. Este se tornou o método de lipoaspiração mais comum. Ele também é considerado mais seguro que os outros métodos por limitar a perda de sangue e nem sempre necessita da reposição de fluidos intravenosos após o procedimento.
Neste procedimento, o médico injeta uma grande quantidade de fluido contendo anestésico (cinco vezes a quantidade de tecido a ser removido) nas áreas contendo depósitos de gordura. O fluido contém uma anestesia local (lidocaína), uma droga que contrai os vasos sanguíneos e reduz a perda de sangue (epinefrina) e uma solução salina que facilita a remoção de gordura. O fluido faz com que o tecido gorduroso aumente de volume e fique mais duro (fique tumescente), ficando mais fácil de ser removido com a cânula. Devido ao fluido conter uma quantidade relativamente pequena de lidocaína, este procedimento é realizado com anestesia local. Apesar de tender a ser mais demorado que outras técnicas - cerca de 4 a 5 h - a lipoaspiração tumescente tem a vantagem de reduzir o inchaço e a dor no pós-operatório.
"Super-wet"
Esta técnica é similar a tumescente, com a exceção de que ela usa menos fluido (a mesma quantidade de fluido para a quantidade de tecido gorduroso removido). Apesar de algumas vezes uma pequena quantidade de lidocaína seja adicionada ao fluido, esta técnica normalmente necessita de anestesia geral ou epidural-IV. O procedimento dura cerca de 2 h.
Lipoaspiração assistida com ultra-som (UAL)
Esta técnica relativamente nova utiliza uma cânula especial que vibra de forma muito rápida e libera energia ultrasônica. Conforme a cânula atravessa as células gordurosas, esta energia faz essas células se liquefazerem, sendo aspiradas logo em seguida. O ultra-som pode ser administrado tanto acima (com um emissor especial) como debaixo da superfície da pele (com uma cânula ultrasônica).
Há dois tipo de cânulas ultra-sônicas:
- uma sonda sólida
- uma sonda oca
A sonda sólida cria uma concentração de gordura emulsificada e solução tumescente debaixo da pele, que é então removida com a cânula de sucção padrão.
A sonda oca emulsifica e remove a gordura, mas os médicos normalmente utilizam a cânula padrão para remover o restante de gordura emulsificada deixada pela sonda (Sattler, 2005).
A UAL demora mais para ser procedida que outros tipos de lipoaspiração, mas é mais precisa e tende a ser mais efetiva, especialmente na remoção de gorgura de áreas fibrosas do corpo, como as costas e o peitoral masculino. O segredo é que ela gera um aquecimento intenso. Se a cânula não for removida rápido o suficiente, ela pode causar uma queimadura. Além disso, os médicos não conhecem os efeitos a longo prazo da exposição interna ao ultra-som.
Lipoaspiração automatizada
Os médicos têm a sua disposição uma cânula automática, que se move para frente e para trás em alta velocidade a uma distância de 3 até 5 mm. Ela pode remover cerca de 40% mais gordura por minuto que a lipoaspiração comum, fazendo com que o procedimento seja feito em menor tempo, além de ter melhores resultados, segundo os médicos (Wagner, 2001).
A história da lipoaspiração
Em 1975, os pesquisadores italianos Georgio e Arpad Fischer surgiram com a idéia de remover gordura utilizando tubos ocos ligados a aparelhos de sucção. Mas sua técnica de lipoaspiração "a seco" tinha muitos riscos, principalmente perda de sangue e complicações no pós-operatório como marcas na pele. Posteriormente, Yves-Gerard Illouz, um cirurgião francês, desenvolveu uma técnica mais segura (úmida), onde ele injetava uma solução salina na região a ser operada para reduzir a perda de sangue e facilitar a remoção de tecido adiposo. Em 1987, Jeffrey Klein, dermatologista da Califórnia, surgiu com a técnica tumescente, adicionando o anestésico lidocaína na solução injetada. Esta ainda é a técnica de lipoaspiração mais usada nos dias de hoje. |
Após a lipoaspiração
Se o paciente for submetido a anestesia local, ele normalmente retorna para sua casa no mesmo dia após a cirurgia. Anestesia geral geralmente requer que o paciente permaneça por uma noite no hospital ou no centro cirúrgico.
Após o procedimento, vários pacientes fazem drenagem de fluido no local onde foi feita a lipoaspiração. Algumas vezes, os médicos precisam inserir tubos para facilitar a drenagem. Normalmente, os pacientes usam uma roupa elástica de compressão no local da cirurgia para comprimir a região afetada para reduzir o inchaço e acelerar a recuperação. Os pacientes também devem tomar antibióticos para prevenir infecções.
Os pontos da incisão são removidos ou se dissolvem após 10 dias. Vários pacientes sentem dor, amortecimento ou queimação durante o processo de recuperação, mas estes sintomas normalmente desaparecem dentro de três semanas. Entre quatro a seis semanas depois, o inchaço já diminuiu o suficiente para os resultados serem vistos.
Os pacientes precisam evitar exercícios pesados ou qualquer outra atividade pesada por cerca de um mês após o procedimento ter sido efetuado.
A lipoaspiração é permanente, mas não pode apagar a obesidade para sempre. Se uma pessoa passa por uma lipoaspiração e continua se alimentando de forma errada ou não faz exercício algum, ela irá perceber uma protuberância nas regiões tratadas, e a gordura irá aparecer em outras partes do corpo. Isto ocorre, em parte, devido a um hormônio chamado leptina, que é feito de células gordurosas. Os níveis deste hormônio diminuem quando a gordura é removida.
Esta diminuição causa um aumento no apetite (causando a ingestão de alimentos) até que os níveis subam novamente. O problema é verificado principalmente em pessoas que estavam acima do peso antes da cirurgia. Para compensar a perda de células gordurosas, seus corpos produzem mais células gordurosas em outras regiões, e a gordura começa a se concentrar ali. A lipoaspiração pode ser refeita se necessário, mas não há garantias de que o resultado seja o mesmo do primeiro procedimento.
Os riscos
Assim como qualquer outro procedimento cirúrgico, a lipoaspiração também tem seus riscos. Isto inclui:
- infecção;
- a formação de grumos de gordura e coágulos de sangue que podem se desprender e ir para os pulmões (uma condição potencialmente fatal conhecida como embolia pulmonar);
- muita perda de fluido, causando choque ou, até mesmo, morte;
- acúmulo de fluido;
- danos ao nervo causando formigamento ou desconforto;
- inchaço que pode durar várias semanas ou meses após o procedimento;
- morte da pele (necrose), no local onde foi feita a lipoaspiração: começa a escamar e morrer e/ou criar uma infecção;
- queimaduras devido à sonda de ultra-som;
- puncturas em órgãos, por exemplo, o intestino pode ser perfurado durante uma lipoaspiração abdomnal;
- reações medicamentosa, incluindo reações ao fluido com lidocaína injetado nas técnicas tumescentes e "super-wet";
- deformidade debaixo da pele caso o médico remova muita gordura;
- cicatrizes, embora os médicos façam o possível para manter as cicatrizes pequenas e escondidas.
Em casos raros, a lipoaspiração pode levar à morte. Pesquisadores do assunto possuem opiniões adversas, mas estipula-se uma média de 3 a 100 mortes a cada 100 mil cirurgias de lipoaspiração.
Fonte saúde.hsw.uol.com.br
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