O Brasil espera para 2014 resultados com a aplicação da vacina contra a dengue, que está sendo produzida e testada pela primeira vez no país.
Essa declaração foi feita pelo coordenador geral do projeto de estudos clínicos da vacina, Alexander Precioso, em entrevista exclusiva à Efe, na qual também explica como foi desenvolvido o estudo e quais impactos terá no país e na saúde pública.
"Esperamos ter todos os resultados de resposta imunológica dos 300 voluntários que participarão do teste, além do perfil de segurança que a vacina tem, até o final de 2014", disse o coordenador.
Segundo Precioso, o projeto coloca o Brasil em destaque, porque os ensaios clínicos e a produção é exclusiva de pesquisadores brasileiros para, no futuro, apresentar a vacina ao Ministério da Saúde que, através do Programa Nacional de Imunização, pode disponibilizar a vacina gratuitamente.
"Existem várias pesquisas de dengue no mundo, mas o único local que esta sendo produzido esse tipo de método com o próprio vírus é no Brasil", destacou Precioso. Apresentando um resultado positivo, a vacina poderá ser exportada para outras áreas de risco da doença como Tailândia, Vietnã e, na América Latina, Venezuela e Colômbia.
"Uma vez atendida a demanda nacional, o país pode contribuir com a demanda internacional. Além do desenvolvimento científico, capacitando o Brasil a realizar seus próprios estudos clínicos, o grande impacto positivo será na saúde pública nacional e de outros países nas áreas de risco", afirmou o pesquisador à Efe.
A equipe de estudos e desenvolvimento da vacina é formada por cerca de 20 pessoas com especialidades em pesquisa clínica, produção, controle e regulamentação da vacina diante dos órgãos públicos. "Estamos pesquisando o vírus da dengue há oito anos.
A parceria com os Estados Unidos resultou na obtenção, modificação e depois transferência para o Butantã, mas foi no Brasil que surgiu a ideia de fazer um método de prevenção com o próprio vírus", ressaltou Precioso à Efe.
Os estudos resultaram no método do teste, sendo necessária ampla divulgação para encontrar voluntários com idade entre 18 a 59 anos, que passarão por entrevistas, avaliações médicas e exames laboratoriais para confirmar se têm boa saúde e se podem participar.
As primeiras 50 pessoas não poderão ter tido dengue e os 250 voluntários restantes serão divididos em dois grupos - os que já ficaram doentes e os que não foram infectados pelo vírus. Precioso ainda destacou que os voluntários serão acompanhados por cinco anos, com avaliações anuais para checar se as respostas imunológicas se mantêm e se os anticorpos necessários foram produzidos em cada organismo. Essas informações preliminares irão indicar se a vacina está protegendo e o nível de eficácia que ela possui. Na primeira etapa, os voluntários serão da cidades de São Paulo e Ribeirão Preto, onde ficam os centros de saúde nos quais serão feitos os testes. Em seguida, voluntários de outras cidades do Brasil poderão participar.
A vacina já apresentou dados positivos nos Estados Unidos, onde foi testada em animais e algumas pessoas, que não tiveram reações ao vírus, além de ter sido constatada a produção de anticorpos que combatem a doença.
Para Precioso as reações esperadas e consideradas "normais e não graves" são dores localizadas, febre e dores no corpo. Os cuidados tomados serão repouso e acompanhamento da equipe médica para cada caso.
R7
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