Itapecuru-Mirim (MA) - A dona de casa Maria da Anunciação Ferreira, 64 anos,
mora em uma comunidade quilombola na zona rual de Itapecuru-Mirim, no Maranhão.
A casa onde vive com a família tem paredes de taipa e telhado de palha de
babaçu. O banheiro, também de palha, fica fora da casa. Sem nenhum tipo de
saneamento básico, a água vem de uma mangueira do poço de um vizinho.
"Ele mandou cavar o poço, aí tem um motorzinho que puxa a água. Ainda hoje
ele não encheu e a caixa está até seca", disse, apontando para a caixa d´água
instalada atrás da casa, no espaço de chão de terra batida, usado para os banhos
da família.
As condições em que vive a ex-lavradora não são raras no município,
localizado a 120 quilômetros da capital São Luís. Já na entrada da cidade é
possível ver diversas casas semelhantes, também feitas com taipa e palha de
buriti, sem abastecimento de água ou rede coletora de esgoto. De acordo com
servidor da prefeitura, está em andamento um projeto para levar esgotamento
sanitário a todas as áreas do município. Segundo a Companhia de Saneamento
Ambiental do Maranhão (Caema), a obra está sendo feita com recursos do Projeto
de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 e deve ser concluída em 2014. Atualmente, o
esgoto bruto é lançado por meio de fossas sépticas diretamente no solo.
O aspecto insalubre das moradias, principalmente na área rural do município, não
é a única ameaça à saúde da população. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) que
atende a mesma comunidade, conhecida como Santa Rita dos Pretos, faltam
medicamentos e os equipamentos estão deteriorados. A maca ginecológica está
enferrujada e o armário onde se guardam lençóis e toalhas está empenado e também
tem marcas de ferrugem. Um cartaz é usado para vedar parcialmente as gavetas, na
tentativa de evitar a entrada de poeira pelas frestas.
"Aqui falta é muita coisa, como uma estrutura maior. O médico só vem uma vez
por mês, mas quando ele está aqui para fazer os atendimentos ele usa essa
salinha pequena, a enfermeira usa a outra e a gente tem que fazer a medicação em
pé, no paciente, no banheiro", contou a técnica em enfermagem, Joviliana do
Livramento Pires.
A lavradora Maria dos Santos Aragão, 60 anos, chegou ao posto com a pressão
um pouco alterada, conforme constatou a técnica mas, sem o medicamento
disponível, voltou para casa para "fazer um chá".
"Minha cabeça está doendo e por isso vim
aqui para ver se era pressão. Mas não tem o remédio, vou ter que ir para casa
fazer um chazinho de cidreira mesmo para ver se diminui", disse Maria.
A reportagem não conseguiu contato com a Secretaria de Saúde de Itapecuru-Mirim
enquanto esteve na cidade. Apesar de ter marcado entrevista com o prefeito da
cidade, Magno Amorim, ele não compareceu ao local marcado, no caso, uma
churrascaria do município. A reportagem também tentou ouvir a versão do prefeito
e da secretária de Saúde, Flávia Bezerra, por telefone – fixo e celular – não
foi atendida e não obteve retorno.
De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
Itapecuru-Mirim ocupa a 4.167ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros no
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, divulgado no mês passado. O
indicador (0,599), classificado como baixo, leva em conta renda, longevidade e
educação.
Agência Brasil
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