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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Curandeiro indiano oferece tratamento alternativo a partir de hemorragia

Um curandeiro realiza cortes no braço da hindu Bimla Devi para que o sangue "impuro" saia do seu corpo, um método milenar praticado na parte antiga de Délhi para combater qualquer tipo de doença.
 
Devi sofre de dores nos braços e não consegue levantar nem fechar as mãos. Após experimentar diferentes tratamentos em hospitais e tomar diversos medicamentos sem melhorar, ela decidiu ir ao curandeiro Mohammed Gayas Sahab, de 82 anos.
 
"Após o tratamento hemorrágico, estou muito melhor. Já consigo fechar as mãos e levantar os braços", disse à Agência Efe Devi, de 40 anos e mãe de cinco filhos. Junto com ela, outros 20 pacientes se submetem aos cortes para eliminar o sangue impuro na clínica "Rahat Open Surgery", uma cabana aos pés da maior mesquita da Índia, a Jama Masjid. Gayas, que aprendeu a técnica com seu avô e já a ensinou a seu filho, sustenta que este é o tratamento médico mais antigo da história e defende sua eficácia.
 
"Este é o primeiro tratamento do mundo. Já ouviu falar em Charak? Charak foi um famoso curandeiro, conhecido em todo o planeta e que escreveu o livro 'Susut' há 4 mil anos em que explica este tratamento. Leia-o, por favor", pede Mohammed Gayas Sahab. Ele explica que é possível curar tudo, artrites, paralisias cervicais, dores no nervo ciático, dores nas articulações e no corpo.
 
"Desde a cabeça até os pés, exceto o estômago", ressaltou. O curandeiro contou que é necessário extrair o sangue "contaminado" que provoca doenças.
 
Embora a Índia possua hospitais modernos - porém ainda fora do alcance econômico de boa parte da população - e os médicos não aprovem este tipo de tratamento, o curandeiro conta com um grande número de clientes todos os dias. Primeiro, os pacientes colocam alguns pedaços de tecido nos braços e nas pernas para exercer pressão sobre as veias.
 
Em seguida, começa o trabalho de Hakim Iqbal Sahab, filho de Gayas, que coloca as mãos para fazer os cortes. Em seguida, os pacientes pressionam para forçar que o sangue "impuro" a sair enquanto os ajudantes do curandeiro jogam água nas feridas e, para finalizar, outra pessoa cobre o local com um pó. Todo o processo é realizado em um espaço ao ar livre, com cabras passeando e ao som das orações vindas da mesquita.
 
A crença neste tratamento é uma mistura de superstição, baixa escolaridade e falta de recursos financeiros: a maioria parte dos pacientes tem pouco dinheiro e pertence às classes sociais mais baixas da hierarquizada sociedade indiana. Um recente relatório da ONG britânica Oxfam sustenta que o sistema de saúde público do segundo país mais populoso do mundo é insuficiente para cobrir as necessidades de toda a população local.
 
Gayas cobra apenas 100 rúpias, o equivalente a cerca de R$ 3,50 na primeira sessão, e pede um livro, creme para as feridas, uma injeção para o tétano, seis comprimidos de antibióticos e um produto para os dentes.
 
Da segunda sessão em diante, os pacientes pagam 40 rúpias (cerca de R$ 1,40). O preço é muito baixo se comparado até mesmo ao valor cobrado pelos hospitais mais baratos da capital indiana. Mas, talvez, mais importante que o custo é a crença de que a hemorragia possa curar multidões de dores e doenças.
 
"Fui operado de câncer e tenho tremores no peito. Mesmo tomando remédios, não consigo dormir. A medicina tradicional não me ajuda. Por outro lado, há um mês venho aqui e já me sinto muito melhor, graças a Deus", explicou Amjad Khan, motorista de rickshaw (veículo de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça de duas rodas capaz de acomodar até dois passageiros) de 56 anos e pai de seis filhos.
 
Mas Gayas lembra: é fundamental a intervenção divina. "A dor do corpo ninguém pode curar. Nós a tratamos, e Deus cura", afirmou.
 
EFE

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