No Brasil, cerca de 19,3% das crianças nascidas vivas em 2010 eram filhas de adolescentes; gravidez precoce é resultado de falta de acesso à escola e violência sexual
A gravidez na adolescência está em declínio nos países em desenvolvimento, porém todos os dias, 20 mil meninas com menos de 18 anos dão à luz e 200 morrem em decorrência de complicações da gravidez ou parto.
Por ano, são 7 milhões de adolescentes que continuam a dar a luz nestes países – 95% do total de gravidezes precoces do mundo - de acordo com o relatório "O Estado da População Mundial 2013", do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), divulgado nesta quarta-feira (30).
Com base em um estudo realizado pelo Banco Mundial em 2011, o UNFPA também estimou o quanto países como Quênia, Índia e Brasil deixam de acrescentar ao PIB, levando em conta que meninas que ficaram grávidas poderiam estar trabalhando e gerando renda.
Dados do relatório sobre o Brasil mostram que o País deixa de acrescentar 7,7 bilhões do potencial Produto Interno Bruto (PIB) por causa da gravidez de milhares de adolescentes. O PIB brasileiro de 2012 foi de R$ 4,4 trilhões.
No Brasil, cerca de 19,3% das crianças nascidas vivas em 2010 eram filhas de adolescentes. Apesar disso, o acesso a atendimento tem melhorado no País. "O Brasil é um dos países que avançou para aumentar o acesso a meninas grávidas a tratamentos pré-natal, natal e pós-natal", diz o UNFPA, citando o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) como um "centro de referência para gravidez de alto risco na Bahia".
Consequências
O relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) expressou particular preocupação com os perigos que as meninas menores de 14 anos enfrentam com a gravidez precoce. Atualmente, os partos de meninas a baixo de 14 anos correspondem a 2 milhões só nos países em desenvolvimento e é justamente este grupo que enfrenta as consequências mais graves tanto de saúde quanto social causada pela gravidez na adolescência.
"A menina que engravida aos 14 anos é uma menina cujos direitos foram violados e cujo futuro descarrilou”, disse o diretor executivo da UNFPA Babatunde Osotimehin. “A realidade é que a gravidez na adolescência não é resultado de escolhas, mas da ausência delas e também de circunstâncias que vão além do controle das meninas. É a consequência de pouco ou nenhum acesso à escola, emprego, informação e cuidados de saúde”.
O relatório afirma que a alta taxa de gravidez na adolescência está relacionada com outros problemas sociais: “A gravidez precoce reflete a pobreza e a pressão de parceiros, família e comunidade. E em muitos casos, ela também é resultado de violência sexual ou coerção". Ainda de acordo com o relatório, meninas que permanecem na escola por mais tempo são menos propensas a engravidar.
iG
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