Mudanças de hábitos alimentares podem minimizar os sintomas desagradáveis causados pela doença do refluxo
Dor e queimação no estômago combinada à sensação de que a comida “volta”. Conviver com a doença do refluxo não é nada agradável, um incômodo que faz com que muitas pessoas percam o prazer de se alimentar. Afinal, ninguém gosta de estar constantemente com aquela sensação de mal-estar, como se tivesse um dragão dentro de si. Se você é uma dessas pessoas que sofre com a azia frequente, saiba que não está sozinho. A doença do refluxo é mais comum do que se imagina, atingindo mais de 10% da população adulta. Mas há tratamentos para acabar com esse transtorno.
O cirurgião do Aparelho Digestivo Ricardo Nakamura, explica que a doença acontece porque o esfincter, mecanismo responsável por controlar a passagem do alimento do esôfago para o estômago, fica frouxo. Isso faz com que o conteúdo gástrico (que é ácido) volte para o esôfago. Ocorre que a mucosa do esôfago não está preparada para receber um conteúdo tão ácido, sendo lesada, e por isso há a sensação de queimação relatada pelos pacientes.
Não se tem uma única causa definida para o aparecimento da doença, mas sabe-se que um fator predisponente do refluxo é a hérnia de hiato. “Ela é uma das causadoras da doença do refluxo e ocorre quando uma porção do estômago sobe e migra acima do diafragma para a região torácica”, detalha o cirurgião.
Quem sofre da doença não pode deixar que ela evolua. Conforme Dr. Nakamura, “se não tratado, o refluxo pode trazer complicações. O esôfago inflama tanto que pode levar à formação de úlcera no esôfago”. Adotar hábitos alimentares saudáveis é o primeiro passo para controlar o refluxo. “Sempre tentamos tratar clinicamente com medicamentos e cuidados com a alimentação, evitando comidas muito gordurosas, café, refrigerantes e álcool, por exemplo”, destaca o especialista. Perder peso e diminuir a quantidade de tabaco para quem fuma também são atitudes importantes. Mas quando toda essa mudança não surte efeito, a cirurgia passa a ser a melhor opção.
Graças a evolução da medicina, o procedimento também é realizado por videolaparoscopia e na maioria dos casos o paciente necessita apenas de um dia de internação. “Muitos que operam se perguntam por que não fizeram isso antes”, relata Dr. Nakamura. Isso porque os benefícios vêm logo no início. Segundo o médico, no pós-operatório o paciente fica cerca de 10 dias com uma dieta mais restrita, e após esse período já começa a se alimentar normalmente, sem sentir mais os transtornos do refluxo. “Antes da laparoscopia era preciso fazer um corte grande que necessitava quatro ou cinco dias de internação e o paciente ficava até 60 dias sem trabalhar”, recorda.
Atenção
Mas como tudo evolui, a cirurgia do refluxo, que é a mais realizada na área da gastroenterologia, devolve a qualidade de vida ao paciente e evita males, como o esôfago de Barrett, uma das complicações da doença do refluxo. “Nessa doença, a mucosa da parte final do esôfago é substituída por uma mucosa com características histológicas semelhantes à mucosa do estômago.
É uma complicação que exige vigilância, pois é pré-cancerígena, ou seja, predispõe o câncer de esôfago”, alerta o médico.Por isso, se você sente aquela queimação constante no estômago após as refeições, acompanhada da regurgitação, procure um especialista para fazer o diagnóstico exato da doença.
Revista Corpore
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