Rio de Janeiro - O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro
(Cremerj) entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal contra o
Ministério da Saúde, na última sexta-feira (13), com um pedido de liminar,
devido à situação crítica do Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá,
zona oeste da capital fluminense. Na ação, o Cremerj exige a contratação
imediata de 235 médicos para a unidade, a fim de suprir a carência de
profissionais.
O Cardoso Fontes foi enquadrado no nível 3 da Resolução 100 do Cremerj, em
função do déficit de médicos de várias especialidades. A falta de recursos
humanos resultou no fechamento de diversos serviços, como a unidade
intermediária cirúrgica, unidade intermediária clínica, unidade coronariana,
enfermaria de cardiologia e serviço de cirurgia torácica. Com isso, 29 leitos
foram desativados. Para agravar a situação, a emergência pediátrica, apesar de
inaugurada em 2010, nunca funcionou e permanece fechada.
O vice-presidente do Cremerj, Nelson Nahon, disse que é gravíssima a situação
no Cardoso Fontes. "No hospital, os médicos estão se aposentando ao longo dos
anos e o Ministério da Saúde não fez nenhum concurso para suprir a falta de
profissionais". Ele acrescentou que o CTI Pediátrico do Cardoso Fontes, que era
referência no atendimento a crianças, teve a sua capacidade reduzida, por falta
de profissionais de saúde.
O médico, que atua também como coordenador de Fiscalização do Cremerj, disse
que, entre os hospitais federais no Rio, é lamentável a situação nos do Andaraí,
de Bonsucesso e do Cardoso Fontes. Segundo ele, na semana passada foram
suspensas 26 cirurgias marcadas no Hospital do Andaraí, "porque faltavam roupões
para os médicos vestirem para entrar no centro cirúrgico".
Nahon disse que, para uma pessoa iniciar um tratamento de câncer nesses
hospitais, demora de quatro a cinco meses desde o atendimento até a internação.
"Dessa forma, a chance de cura é reduzida e o paciente é submetido a um
tratamento paliativo", explicou.
O Cremerj vem denunciando o sucateamento do Hospital Cardoso Fontes, assim
como as péssimas condições de trabalho em que os médicos são submetidos.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre o sucateamento do
Cardoso Fontes.
Agência Brasil
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