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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Biofeedback: método trata enxaqueca, problemas cardíacos e até transtornos mentais

Médico aplicando eletrodos de biofeedback - Foto: Getty ImagesTécnica é coadjuvante em muitos tratamentos e ensina a prestar atenção no funcionamento do corpo
 
Você se lembra das aulas de biologia da escola do oitavo ano ou do ensino médio, quando aprendemos sobre sistema nervoso? Dificilmente, não é mesmo! Mas você provavelmente se recorda que alguns estímulos do nosso corpo são controlados diretamente pelo nosso cérebro, sem que tenhamos que ficar pensando neles, como as batidas do coração, a respiração e as contrações dos músculos. Para refrescar mais ainda sua memória, isso ocorre devido ao sistema nervoso autônomo.

Mas não é porque o cérebro está cuidando dessas funções no piloto automático que isso significa que você não possa controlá-las! É para isso que serve o biofeedback. "A técnica seria mais especificamente a interação do nosso corpo com os aparelhos que medem várias de nossas reações nervosas e a leitura que os aparelhos fazem das reações de alguns aspectos do nosso sistema nervoso central. É uma conversa, que tem como propósito conhecer melhor nossas reações diante de determinadas situações e controlá-las", define a psicóloga Frinéa Souza Brandão, coordenadora da Neurofocus Psicoterapias e que desenvolve pesquisas com biofeedback junto a instituições nacionais e internacionais. Hoje a técnica de biofeedback é empregada para o tratamento de enxaqueca, incontinência urinária, bruxismo, ansiedade, transtorno bipolar, dor crônica e até a recuperação muscular no caso do treinamento esportivo.

Por exemplo, alguém que sente muitas dores de cabeça causadas por tensão muscular, a chamada cefaleia tensional, pode tratar isso com o biofeedback. Durante uma crise, o terapeuta colocará eletrodos nos músculos tensionados que estão ligados ao aparelho (que é sempre o mesmo). Eles vão emitir certa sinalização, que a máquina traduz em padrões. "A forma mais comum de retorno é um traçado de fácil compreensão, enquanto você mantém a contração ele se mantém igual, e quando você relaxa a musculatura, o risco desce", ensina o fisioterapeuta Jerri Godoy, do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein. Depois de treinar um tempo com a verificação da máquina, é possível obter o mesmo resultado sem estar ligado ao aparelho e ter essa medida.

E a maior vantagem da técnica é que não utiliza remédios: "o biofeedback é uma poderosa ferramenta para desenvolver a capacidade de autorregulação, ou seja, do indivíduo atuar de forma consciente e reequilibrar sua fisiologia sem fármacos", explica o fisioterapeuta Marco Fabio Coghi, diretor da NPT - Neuropsicotronics, pesquisador e desenvolvedor da tecnologia de biofeedback cardiovascular.

Quer saber mais? Confira nossa galeria com as técnicas mais comuns e quais são suas aplicações para a saúde:
 
Médico aplicando eletrodos de biofeedback - Foto: Getty ImagesBê-á-bá da técnica
O biofeedback começou a ser pesquisado entre as décadas de 1960 e 70. "Não há um fundador da técnica. Ela foi surgindo da pesquisa de psicólogos, neurofisiologistas, neurocientistas, fisiologistas e outros profissionais", conta o clínico geral Alex Botsaris. Já em terras tupiniquins, ela só desembarcou mesmo por aqui na década de 80, e até hoje não é tão utilizada, principalmente devido ao seu alto custo. O aparelho é sempre o mesmo, mas é preciso mudar os tipos de eletrodos para captar diferentes sinais.

O método pode ser aplicado por diversos tipos de especialistas: psicólogos, fisioterapeutas, fisiologistas, educadores físicos... E normalmente atua como coadjuvante, portanto não vale esperar uma melhora imensa usando exclusivamente essa técnica. "Ela apresenta ótimos resultados, mas normalmente espera-se mais do que ela pode fazer", pondera Jerri Godoy, fisioterapeuta sênior do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein. Como os resultados dependem de cada paciente, e variam de acordo com o quadro, não há um número de seções padrão. 
 
Homem com tensão muscular - Foto: Getty ImagesTensão muscular
Quando o estresse bate, parece que os músculos inteiros dos ombros e costas se retesam sem você querer, não é? O mesmo acontece com o resto do corpo, algumas contrações musculares acabam sendo involuntárias, e o biofeedback ensina a controlá-las. "A técnica se chama eletromiografia e trabalha colocando os eletrodos sobre os músculos tensos. O paciente vê a medição da tensão na tela e aprende a fazer um relaxamento voluntário", comenta o fisioterapeuta Jerri Godoy. Claro que dentro do hospital ou clínica é difícil ajudar o indivíduo a cuidar do estresse, já que ele não está em um ambiente que provoca esse tipo de reação nele. Apesar de que alguns estudos foram feitos com indivíduos que carregavam aparelhos menores de biofeedback para lá e para cá, tentando acertar o mostrador quando os níveis de tensão iam às alturas, como nos conta Godoy.

Mas o método é usado para uma série de outros problemas. "Além da reabilitação física, pode ser usado no tratamento do bruxismo, dor crônica, disfunção temporo-mandibular (DTM), paralisia facial, contusões, espasmos musculares, lombalgia, incontinência urinária, incontinência fecal, cefaleia tensional, etc", enumera Marco Fabio Coghi, diretor da NPT. 
 
Frequência cardíaca - Foto: Getty ImagesCoração na máquina
Medir o coração com uma máquina é uma ideia bem visualizável... Mas aqui no caso, a ideia é perceber justamente pela mudança da frequência cardíaca, o que está acontecendo no organismo. "Na década de 1960, obstetras observaram que fetos em sofrimento apresentavam uma variação no batimento cardíaco - variação do tempo existente entre dois batimentos consecutivos - mais rapidamente do que na frequência cardíaca. Estudos posteriores indicaram que a variação no batimento cardíaco é mais importante que a própria frequência cardíaca", conta Marco Coghi, pesquisador em biofeedback cardiovascular.

Essa variação pode prever a morte súbita e também auxiliar em diversos tratamentos, que vão desde problemas relacionados à ansiedade até questões físicas como redução de pressão arterial e de glicemia e colesterol relacionados ao estresse, asma, fibromialgia e dor crônica. As possibilidades ainda passam pelos problemas de aprendizado e treinamento de empresas para melhora da autoestima dos funcionários. 
 
Ondas cerebrais - Foto: Getty ImagesOndas do cérebro
Até mesmo nosso cérebro pode ser monitorado por esse aparelho! "Nossas células neurais geram uma atividade elétrica contínua. Os sinais elétricos são captados pelos eletrodos e então amplificados pelo equipamento especializado para produzir o que é visto no traçado do eletroencefalograma", descreve a psicóloga Frinéa Souza Brandão, coordenadora da Neurofocus Psicoterapias e que desenvolve pesquisas com biofeedback junto a instituições nacionais e internacionais. Para ter esse efeito, os eletrodos são posicionados no couro cabeludo e na testa, e por lá eles captam essas ondas.

Existe também o neurofeedback, ainda mais específico. "Utilizam-se equipamentos de eletroencefalografia ou ainda de ressonância magnética, que mostram a atividade cerebral em tempo real", comenta Marco Coghi. A técnica é utilizada como coadjuvante em tratamentos para problemas cognitivos, como transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), autismo, dores de cabeça, epilepsia, insônia, ansiedade, dificuldades de aprendizagem, transtorno bipolar, enxaquecas, entre outros. 
 
Temperatura do corpo - Foto: Getty ImagesTemperatura corporal
Mesmo sem percebermos, a temperatura do nosso corpo muda o tempo todo. Ela costuma cair quando vamos dormir e sobe bastante ao executarmos atividades físicas, por exemplo. No biofeedback normalmente é mensurada o calor das regiões periféricas do corpo, ou seja, mãos e pés. "A pessoa pode, por meio de exercícios, aumentar a dilatação de vasos sanguíneos superficiais, crescendo a quantidade de sangue periférico e, com isso, elevar a temperatura local", esclarece o pesquisador Marco Coghi.

Por trabalhar principalmente com a vasodilatação, essa técnica especifica é muito útil para a cefaleia tensional e enxaqueca - até porque a última é provocada justamente pela dor nos vasos sanguíneo, quando o sangue passa. Pacientes com a síndrome de Raynaud, que está relacionada à má circulação, também são beneficiados com esse estilo da técnica, como nos lembram Coghi e o fisioterapeuta Jerri Godoy. 
 
Suor da pele está relacionado à condutibilidade - Foto: Getty ImagesCondutibilidade da pele
O nome é complicado: resposta galvânica da pele. Mas basicamente, a técnica consiste em medir os sinais elétricos que o maior órgão do nosso corpo emite - o que talvez explique os choquinhos que às vezes tomamos por aí! E normalmente o que o medidor afere é a relação disso com o suor. "Quando transpiramos mais, a resistência elétrica da pele a passagem de uma corrente elétrica diminui, pois o suor conduz eletricidade devido aos sais nele contidos", explica o pesquisador Coghi. Por isso mesmo, a sudorese excessiva, também conhecida como hiperidrose, é um dos focos dessa terapia.

A técnica também é aplicada para controle de estresse. "Pelo relaxamento consciente do sistema nervoso simpático, reduz-se a quantidade de suor que é lido no galvanômetro. Com a redução da atividade excessiva do sistema nervoso simpático gerencia-se essa tensão", descreve o especialista. Problemas como fobia social também são alvo do tratamento.
 
Uma das interfaces usadas é a de videogames - Foto: Getty ImagesGames e interfaces
Normalmente esses dados são todos passados ao usuário através de linhas. "É mostrado um traçado, e o objetivo do paciente é justamente fazer que a linha alcance a posição que indicamos, o que significa que o estimulo está na frequência certa", resume o fisioterapeuta Jerri Godoy. Mas muitas vezes essa leitura pode ser complexa demais, ou mesmo muito abstrata. A solução então foi o uso da interface de um jogo. "Existem aparelhos de biofeedback que usam games para dar o feedback à pessoa, em tempo real. Os personagens reagem segundo os estímulos do sistema nervoso. Isso faz com que a pessoa envolva-se melhor à técnica, de forma mais natural, espontânea e interativa", explica Marcos Coghi. 
 
Fonte Minha Vida

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